Gosto da ideia da Arena Atletiba. Não de hoje, mas já desde 2009, quando Petraglia levantou a bola pela primeira vez. Como negócio, é irretocável. Um estádio novo, moderno, com o dobro de datas da casa de um dono só e sem risco de rejeição para uma empresa que decidisse associar sua marca à arena. Ainda ofereceria a marqueteiros um mote pronto para campanha: torcedores rivais, sócios dos dois times, dividindo a mesma cadeira.

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A resistência, como sempre, estaria no apego à tradição. Enquete feita pelo Arquibancada Virtual, blog da Gazeta do Povo, teve quase 80% de adesão à opção de que a Arena Atletiba é um desrespeito às torcidas e à história dos dois clubes. Essa rejeição que teria feito Petraglia dizer que não resgatou a ideia do estádio compartilhado no jantar com Rogério Bacellar.

Os dois argumentos são frágeis. Desrespeito à torcida, por exemplo, é prometer times de ponta que, na verdade, só fazem estacionar no meio da tabela ou brigar contra o rebaixamento. A rica história de Coritiba e Atlético foi construída em outro cenário. Um tempo em que o calendário da dupla restringia-se ao próprio estado – ou era predominantemente construído por aqui. Ganhar o Estadual era o ápice e, para isso, não é necessário muito.

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Com o que têm hoje, Coritiba e Atlético no máximo conseguem dividir a hegemonia de um campeonato que o torcedor segue por falta de opção melhor. Para ir além, é preciso ter mais munição. Um poderio que passa necessariamente pelo estádio.

O Atlético tem sua Arena pronta, mas claramente terá dificuldades para pagá-la. Hoje, parece o novo rico que comprou uma mansão, mas não sabe de onde tirar dinheiro para pagar as prestações. O Coritiba tem um estádio obsoleto, em fase quase permanente de remendos. Insiste em posar com o herdeiro de uma família quatrocentona que se recusa a abandonar o casarão em que os avós nasceram – mesmo sabendo que continuar vivendo ali não é a melhor opção.

Um argumento duro de derrubar é a cicatriz deixada pela turbulenta escolha da Arena da Baixada como sede da Copa – e todo o processo de financiamento do estádio. Desde o início, o processo todo foi conduzido dentro do pior clima de Atletiba, sem a menor boa vontade de analisar se a Arena era a melhor opção e como a Copa ali poderia catalisar algo de bom para o futebol local. Em nada ajudou o relaxo com que o poder público tratou a divisão do orçamento do estádio, uma questão que segue sendo uma caixa preta perdida no fundo do oceano.

No fim, a Arena Atletiba fica sendo mais uma boa ideia para o futebol paranaense que morreu na casca.

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