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O ciclista americano Lance Armstrong, 40 anos, desistiu de se defender das acusações de se dopar para competir. Ao abrir mão da defesa, foi banido do esporte pela Agência Antidoping dos Estados Unidos (Usada, na sigla em inglês). Todas as suas vitórias desde 1998 foram cassadas, inclusive os sete títulos consecutivos da Volta da França (1999 a 2005) e a medalha de bronze na Olimpíada de Sydney, em 2000. Resta agora à Federação Internacional de Ciclismo ratificar a decisão, o que deve ocorrer nas próximas semanas.

Armstrong, que já está aposentado do ciclismo profissional, sempre alegou não ter culpa, mas acabou desistindo de provar a sua inocência após um tribunal federal norte-americano ter negado, no último dia 13, o recurso que ele apresentou contra a Usada para bloquear o processo disciplinar ao qual era submetido há quase uma década.

Em seu anúncio, o atleta fez um desabafo. "Chega um momento na vida de qualquer homem em que ele tem de dizer: ‘É suficiente’. Para mim, a hora de dizer isso é agora", avisou. Ele ainda chamou a investigação da Usada contra ele de uma "inconstitucional caça às bruxas". "Tenho lidado com alegações de que eu me dopei e tive uma vantagem injusta ao ganhar meus sete títulos da Volta da França. O custo disso está pesando sobre minha família e meu trabalho para nossa fundação e me leva a dizer: ‘Terminei com as bobagens’".

O órgão qualificou essa atitude como uma "admissão" de culpa por parte do desportista, considerado um herói nacional nos Estados Unidos pela maneira como venceu a luta contra o câncer nos testículos e depois voltou a competir.

Segundo a Usada, o ciclista utilizou vários tipos de substâncias proibidas, incluindo EPO, que melhora a oxigenação do sangue, testosterona e agentes que mascaram o uso de outras drogas proibidas. Armstrong ainda teria feito transfusões de sangue para melhorar o desempenho. No entanto, ele nunca foi flagrado em nenhum exame antidoping, mas sempre provocou polêmica e acusações de que usava substâncias proibidas.

Mas as acusações contra o ciclista vão além do uso de drogas. A entidade também o denuncia por fazer tráfico de substâncias proibidas. Além de provas científicas, a agência antidoping americana diz que dez antigos colegas de equipe de Armstrong estariam prontos para depor contra ele.

Travis Tygart, diretor-executivo da Usada, declarou ontem que é um dia triste para todos os que amam o esporte. "Este é um exemplo doloroso de como a cultura de vencer a todo custo nos esportes, se não for reprimida, superará a competição leal, segura e honesta". O dirigente afirmou que "para os atletas limpos, esta será uma lembrança reconfortante de que há esperança para as gerações futuras de competição em igualdade de condições sem o uso de substâncias proibidas".

A atitude do norte-americano vai aumentar ainda mais o descrédito de um dos mais populares esportes do planeta, já que dos nove últimos vencedores da Volta da França, seis foram flagrados ou admitiram, depois de aposentados, o uso de substâncias proibidas. São histórias até com final trágico, como a do italiano Marco Pantani, que ganhou a competição em 1998. No ano seguinte, ele foi pego em exame antidoping. Começou então sua decadência esportiva. Em 2004, afastado da família e dos amigos, foi encontrado morto, aos 34 anos, em um quarto de hotel após overdose de cocaína.

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