Em dois anos, o Atlético transformou um jovem e desconhecido jogador em produto tipo exportação. Por 4,5 milhões de euros cerca de R$ 14 milhões , o grupo Doyen Sports, de Malta, comprou 70% dos direitos econômicos do atacante Douglas Coutinho, de 20 anos. O Furacão fica com 15%, já que comprou metade da porcentagem que pertencia ao atleta e seu empresário.
A negociação, que durou mais de dois meses, foi fechada em um almoço na quinta-feira, em Curitiba, e anunciada ontem pela empresa que tem o centroavante colombiano Falcao García como destaque de seu portfólio. Hoje, às 21 horas, contra o Bahia, em Salvador, a revelação do time sub-23 começa seus três jogos de despedida, provavelmente na reserva.
O destino do atleta ainda não foi selado, mas será um clube europeu. Manchester United, Porto e Atlético de Madrid já fizeram sondagens. Como os investidores visam a revenda para obter lucro, a probabilidade maior é de que Coutinho se transfira para uma equipe-vitrine.
"Não acredito no Manchester United porque não é um clube vendedor. O Porto, por exemplo, é um time onde muito brasileiro dá certo. Não tem problema de língua, nem um inverno tão rigoroso. O Atlético de Madrid também seria excelente. Os caminhos devem ser esses, mas vamos ter um peso na decisão", explica o empresário Taciano Pimenta, que gere a carreira do fluminense há sete anos. A preferência do camisa 32 é pelo atual campeão espanhol e vice da Liga dos Campeões.
Coutinho, que despontou como artilheiro atleticano no Estadual do ano passado (11 gols), está no CT do Caju desde setembro de 2010 e fez 65 partidas profissionais no período. Nesta temporada, o velocista ganhou notoriedade ao marcar sete gols no Brasileiro. Ritual que não repete há 102 dias. O último foi no encontro do primeiro turno com o Botafogo (10/8). Prova de que ainda precisa amadurecer.
Três semanas atrás, o técnico Claudinei Oliveira classificou a possível saída como precipitada quando perguntado sobre os rumores vindos da Europa. Auxiliar-técnico e interino por duas vezes em 2014, Leandro Ávila concorda. "Ele precisa caprichar mais nos passes e aprender a jogar de costas, protegendo mais a bola, como o Marcelo faz", opina. "No mais, com a velocidade que ele tem e bom cabeceio, pode se dar bem lá fora", completa o treinador, primeiro a dar sequência ao avante neste ano.
Para o Atlético, a venda traz um alívio nas contas apertadas por causa da reforma da Arena e também a chance de corrigir um erro do início do ano. "Perderam a oportunidade de vender o Éderson na época em que foi artilheiro [do Brasileiro 2013] e depois se arrependeram", revela Ávila. Em julho, Éderson foi emprestado ao Al Wasl, dos Emirados Árabes. O valor não foi divulgado.