Opinião
Falta bola para mudar de vida
André Pugliesi, repórter
Pela matemática, ainda dá. Restando dez jogos, ou 30 pontos, o Atlético precisa vencer as partidas que fará em casa (cinco) e conseguir mais uma vitória longe de Curitiba. Com 45 pontos, há chance de escapar da Segunda Divisão. O problema é que, há tempos, o Furacão mostra que não tem bola para mudar de vida.
Basta dizer que o Rubro-Negro não ganha de nenhum time na mesma situação que ele. Conseguiu, no máximo, dois empates na Baixada. Perdeu todas as demais partidas, sendo duas para Bahia e Atlético-MG. Não há sinal maior de fraqueza.
O que fazer? Sinceramente, não sei. Trocar de técnico, a essa altura da competição, não adianta. Sem contar que o trabalho de Antônio Lopes tem sido razoável. Além do mais, não há nenhum milagreiro no mercado.
Procurando no elenco atleticano, já foi tentado de tudo. Até os atacantes Nieto e Guerrón foram vistos como solução. E Paulo Baier, talvez a última esperança, não tem fôlego para ajudar. Talvez o menino Pablo. Sempre que entrou, ele mostrou qualidade.
Reforço
Guerrón volta contra o Vasco
O Atlético vai contar com um reforço inesperado para a partida contra o Vasco, quinta-feira, na Arena. O atacante Guerrón, que estava servindo à seleção do Equador, conseguiu dispensa e volta hoje para Curitiba.
O atacante assistiu do banco de reservas à vitória do Equador por 2 a 0 sobre a Venezuela, em casa, sexta-feira, na estreia das Eliminatórias para a Copa do Mundo. Ele também estava relacionado para o amistoso de amanhã com os Estados Unidos, em San José (EUA), mas o pedido do presidente atleticano Marcos Malucelli, que solicitou o retorno, foi atendido pela Federação Equatoriana.
Além de Guerrón, o meia Madson poderá reforçar a equipe. Ele está em fase final de recuperação de uma lesão na coxa e deve ficar à disposição do técnico Antônio Lopes.
Os desfalques serão os zagueiros Fabrício, que recebeu o terceiro cartão amarelo ontem, e Manoel, expulso na derrota. Além deles, Kleberson, Paulinho, Branquinho e Marcelo Oliveira seguem no departamento médico. (CB)
Na campanha para fugir da Segundona, o Atlético vinha contando com a disposição de um trio forjado no CT do Caju: o goleiro Renan Rocha, o zagueiro Manoel e o volante Deivid, os jogadores mais assíduos da equipe no Brasileiro. Pois no domingo (9), na derrota para o Avaí, por 3 a 0, em Florianópolis, até os três traíram essa confiança.
Renan Rocha falhou em dois gols. No primeiro, espalmou mal. No segundo, vacilou na saída da meta. Neste mesmo lance, Manoel perdeu a disputa de cabeça após bola alta na área. Depois, fez pior, ao meter a mão na bola e ser expulso, aos dois minutos do segundo tempo. Deivid, por sua vez, cometeu o desnecessário pênalti que originou o terceiro gol catarinense.
"O time deles teve as oportunidades de gol e não desperdiçou. Foi com certeza um dia para não se repetir mais. Agora temos de pensar em como reagir", declarou Deivid. Revelado pelo PSTC, ele desembarcou na Baixada com 16 anos. Foi promovido em 2009 e este ano tornou-se titular absoluto.
Companheiro de Deivid na marcação e outro oriundo das categorias de base, o volante Renan também preferiu pensar no futuro, após a péssima apresentação de ontem. "Nosso time trabalha, trabalha, era um jogo importante para escapar. Mas não podemos parar. Se achar que já caiu é pior. Temos de pensar no que fazer para melhorar", disse.
Além do desempenho ruim dos garotos, a derrota para o Avaí ressaltou um problema grave do Furacão. Mais uma vez, o time foi vencido por um concorrente na briga contra a degola. Em outras palavras, utilizando uma expressão batida do futebol, perdeu todos os "jogos de seis pontos".
Vencia o América-MG por 2 a 0 na Baixada e cedeu o empate. Perdeu os dois confrontos com o Atlético-MG (3 a 0 e 1 a 0). O mesmo aconteceu ao duelar com o Bahia (2 a 0 e 1 a 0). E, após ficar no 0 a 0 com o Avaí, em Curitiba, foi atropelado ontem em Florianópolis. Todas estas equipes estão hoje na zona de descenso. Com o resultado de ontem, o Atlético permaneceu com 27 pontos, em 18.º, a três do Cruzeiro, o primeiro fora da zona de rebaixamento.
Restam dez rodadas para o término da disputa e é preciso alcançar pelo menos 45 para escapar. "Matematicamente estamos dentro ainda. Vamos perder pontos, mas ainda dá", ressaltou o técnico Antônio Lopes.
Apoio e briga
A torcida atleticana lotou o espaço destinado aos visitantes no estádio da Ressacada. Os 1.200 ingressos foram adquiridos pela diretoria e vendidos aos torcedores, que pegaram a estrada para acompanhar a equipe. Até o meia Marcinho bancou um ônibus para a viagem até Floripa. O fato negativo da presença rubro-negro em Florianópolis foi uma nova briga entre as torcidas organizadas do Furacão. Assim como já ocorreu diversas vezes em Curitiba e na partida fora de casa contra o São Paulo, no Morumbi, as duas principais facções (Ultras e Fanáticos) entraram em conflito momentos antes do início do jogo na arquibancada do estádio avaiano e tiveram de ser contidas pela Polícia Militar catarinense.