A paralisação do futebol brasileiro por causa da pandemia de coronavírus coloca em xeque uma das principais fontes de receitas dos clubes nacionais, os programas de sócio-torcedor.
A modalidade teve faturamento total de R$ 390 milhões para os clubes da Série A em 2018. E tem impacto direto nas finanças de Athletico, Coritiba e Paraná. O Coxa faturou R$ 14 milhões com associados em 2018, contra R$ 21 milhões do Furacão e R$ 3,6 milhões do Tricolor.
Os dados são dos balanços financeiros dos clubes. Até o momento, mesmo sem previsão de retorno das competições, o Trio de Ferro mantém os mesmos preços praticados quando os jogos aconteciam normalmente.
Paraná
No Paraná, os planos vão de R$ 65 a R$ 115 por mês. O clube explica que estes valores se mantém os mesmos há quatro anos. Neste momento, não há estratégia de alteração em andamento, mas a diretoria admite que já desenvolve estudos para mudar nestes preços caso a paralisação se estenda.
Uma possível redução de valores pode acontecer, mas teria de ser aprovada pelos conselheiros.
“Estamos buscando alternativas para que o plano de sócios mantenham o rendimento. Isso é o que nos torna fortes. A equipe de marketing já trabalha nisso, existem algumas propostas de melhorias e os próximos passos são para evoluir neste sentido”, disse o presidente Leonardo Oliveira em transmissão ao vivo nos canais do clube na última quarta-feira (9).
Coritiba
Diante do difícil cenário, o Coxa vem estudando há um mês estratégias para manter o número atual de sócios-torcedores. Via assessoria, o clube informa que há estudos e projetos em estágio avançados, que serão implementados em breve.
O Coritiba confirma que mantém a base de 25 mil associados, com taxa de inadimplência dentro da normalidade.
“Tanto os sócios como os torcedores vêm entendendo o movimento do Coritiba e necessidade de contribuir, independentemente das adversidades, eles continuam participando a ajudando cada vez mais”, informa a diretoria alviverde, via assessoria.
Athletico
Já no Athletico, os planos mensais de sócio-torcedor para adultos variam entre R$ 90 e R$ 350. Neste período sem jogos, o Furacão aposta no recém-lançado Furacão Play como um dos atrativos para manter os associados durante o período sem jogos. A plataforma pioneira no país, entretanto, ainda engatinha em conteúdo.
Fora isso, o clube apela para a conscientização e paixão dos torcedores neste momento complicado para manter as mensalidades em dia, mesmo que o produto final, os jogos de futebol, estejam paralisados. O clube também aposta no relacionamento com o torcedor, via redes sociais, para manter os rubro-negros próximos.
Cenário nacional
País afora, os clubes brasileiros queimam neurônios para tentar contornar o período sem futebol. A aposta em um relacionamento via redes sociais e o apelo à paixão têm sido, até o momento, o cerne da estratégia aplicada pelos gestores dos rivais gaúchos Grêmio e Internacional, por exemplo.
Para os tricolores, o modelo gerou R$ 75 milhões de receita em 2019, enquanto para os colorados R$ 90 milhões afluíram nos cofres do clube na temporada passada. Mas o cenário é dos mais desafiadores.
Melhor time do país em atividade, o Flamengo já registra quedas neste quesito, por exemplo. Segundo reportagem recente do Estadão, o clube carioca contava com 120 mil sócios em março. Com a virada de mês, o número caiu para 115 mil.
Já o exemplo do Fortaleza é simbólico ao retratar a relação entre clube e sócio torcedor a partir de uma natureza que extrapola a simples troca comercial. No mês passado, mesmo diante da ameaça de paralisação total, o clube cearense registrou 20% no aumento de receitas com sócios-torcedores.
Por outro lado, o Atlético-MG, que lançou um novo plano de sócios dia 10 de março, viu seis dias depois o Estadual ser paralisado e as associações congelarem. O Galo contava com 30 mil associações até o início do Brasileirão, mas atingiu apenas 30% desta meta até o momento.
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