Um ano atrás, o Athletico fazia história no Beira-Rio. Em 18 de setembro de 2019, na final que o Internacional acreditava ser possível “resolver em casa”, como pregou o atacante Paolo Guerrero, após a derrota simples na primeira perna da decisão, em Curitiba, o Furacão tomou Porto Alegre de assalto: vitória por 2 a 1 e o inédito título da Copa do Brasil.
A inesquecível campanha rubro-negra teve momentos marcantes, claro. Primeiro, nas oitavas de final, a equipe passou pelo Fortaleza com um gol solitário do argentino Marco Ruben. Na fase seguinte, o time eliminou o todo-poderoso Flamengo, nos pênaltis, calando o Maracanã lotado.
A remontada na semifinal, contra o Grêmio, foi épica. Após a derrota por 2 a 0 na ida, em Porto Alegre, a filha do técnico Renato Gaúcho, Carol, já prometia sortear ingressos para a final. Mas o Athletico devolveu o placar na Arena da Baixada e avançou com o goleiro Santos brilhando nas penalidades. O alardeado Grenal dos Grenais foi impedido, quem diria, por um paranaense.
Nesses 365 dias, contudo, toda vez que alguém se recorda daquela campanha, um lance é praticamente unânime na memória coletiva atleticana...
51 minutos do segundo tempo. Marcelo Cirino segurava a bola no ataque, junto à linha lateral, a dois metros da bandeirinha de escanteio. Marcado por Edenílson e Rafael Sóbis, o atacante foi instintivo. Aplicou um drible absurdo, uma caneta de costas, que deixou a dupla colorada sem reação.
A jogada ainda teve outra finta antes de terminar com o passe na medida para Rony fechar o placar.
“Realmente, você toca no assunto Copa do Brasil e a primeira coisa que vem em mente é o drible. Foi um momento muito marcante individualmente. Foi um momento épico que talvez nem eu mesmo esperava”, admite o maringaense Cirino, 28 anos. “É difícil imaginar um momento como aquele. Mas depois de ver e rever, e saber que ficou marcado na história de um clube como o Athletico, não tem nada que pague isso”
Cria do CT do Caju, Marcelo Cirino hoje defende o Chongqing Dangdai, da China. Curiosamente, três dias antes do aniversário da conquista na Copa do Brasil, o atacante protagonizou outra assistência linda, desta vez de calcanhar, pela Superliga Chinesa.
Presente também no título da Sul-Americana, Cirino fechou um ciclo no Furacão ao fim da temporada. Mas até hoje, mesmo do outro lado do planeta, segue ligado ao Furacão.
“Conseguir o título e fazer aquela jogada é inexplicável a sensação, o sentimento que o atleta tem. E que estou tendo até hoje, depois de um ano poder relembrar aquele momento. Não vou mentir, falar que sempre imaginei que iria acontecer. Mas hoje vendo tudo é uma coisa incrível, coisa para guardar e rever sempre. Toda vez que vejo me arrepio – parece que foi ontem”, fala.
Ainda longe de pensar em aposentadoria, Marcelo não descarta retornar para o Athletico no futuro. Mas quer vir para ajudar, não apenas para encerrar a carreira. Muito cobrado pela torcida nos primeiros anos de profissional, ele agradece o apoio que tem até hoje, um ano depois daquela noite na capital do Rio Grande do Sul.
“Claro que o lance, o título aumenta o reconhecimento, o carinho do torcedor. Mas é por tudo que o Marcelo fez com a camisa do Athletico. Claro que às vezes as coisas não aconteciam do jeito que a gente queria, mas o Marcelo sempre se dedicou, sempre trabalhou. Foi assim durante os 11 anos que permaneci no clube. Mesmo de longe eu acompanhava, como eu venho acompanhando e comento nas redes sociais. E torcedor retribui isso, reconhece que o carinho que tenho pelo Athletico é muito grande. Eu devo tudo ao Athletico, tudo que tenho, tudo que sou. A pessoa que me formei dentro do Athletico, isso ninguém vai apagar”.
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