O conteúdo abaixo foi publicado em 17/9 de 2019, por ocasião da decisão entre Athletico e Internacional, no Beira-Rio, pela Copa do Brasil. Está sendo republicado por ocasião dos 15 anos da decisão entre Athletico e São Paulo pela Libertadores de 2005.
"Revolta", "sacanagem", "injustiça". São as definições de quem viveu a final da Libertadores de 2005, quando o Athletico foi mandante no Beira-Rio. A Gazeta do Povo conversou com jogadores e o técnico do Rubro-Negro naquele ano para relembrar como foi ser "mandante" longe da Arena da Baixada.
Reviva a decisão nos relatos dramáticos dos atleticanos:
“Quando chegamos de viagem após eliminar o Chivas, do México, o avião sobrevoou a Arena e tava tudo iluminado. Eram as obras para aumentar a capacidade e isso nos deu esperança. Mas ficou aquela situação. O jogo vai ser na Arena? No Couto? Onde?", lembra o ex-zagueiro Marcão, capitão do time nas finais.
“O Petraglia arrumou tudo com as arquibancadas móveis e colocou a lotação que a Conmebol pedia. Foi feito tudo e eles não aceitaram. Acho que o São Paulo deve ter brigado lá na Conmebol para que não aceitasse. O sentimento nosso foi de revolta”, reclama Antônio Lopes, então técnico do Athletico, atualmente dirigente do Figueirense.
“Foi um sentimento de muita tristeza e de injustiça ao mesmo tempo. Tiraram o nosso direito de jogar uma final tão esperada dentro da nossa casa. Tivemos apenas uma derrota na Baixada pela Libertadores”, complementa Fernandinho, volante daquela equipe, atualmente no Manchester City.
“Me desculpa, mas foi uma baita sacanagem. Foi uma mudança radical. Imagina você chegar na sua casa para dormir e te falarem que agora você vai ter que ir lá para São Paulo. Mexeu com todo mundo”, compara o meia Fabrício, camisa 10 do Furacão na Libertadores, hoje representante de atletas.
“Me lembro que no pré-jogo a gente ficou na concentração do hotel, mas não era a nossa casa. A gente sabia o que a Arena fazia com nosso time. Aquele estádio pulsava. Era nosso diferencial”, descreve Alan Bahia, volante do Rubro-Negro, recordista de partidas pelo Athletico e atualmente auxiliar-técnico.
"Foi muito estranho. Lembro que o estádio estava meio vazio, não tinha torcedores do Atlético e nem do São Paulo suficientes pra encher o estádio. A logística para ambas as torcidas era inviável", diz Fernandinho.
"Ali foi campo neutro. Não foi a nossa casa né", complementa Antônio Lopes.
Antônio Lopes soma cinco passagens pelo Athletico por diferentes cargos.
“O Beira-Rio é grande e com 25 mil pessoas não dava aquela pressão. A arquibancada era longe. Na Arena, nosso time estava em sinergia com a torcida. Muito parecido com o que vejo hoje”, compara Marcão.
“Nosso time estava desacreditado no começo da competição. E fomos chegando, chegando. Mesmo assim nos comportamos bem lá. Saímos na frente, mas depois sofremos o empate”, recorda o volante André Rocha, ainda em atividade, aos 35 anos, mas sem clube.
“Vendo o primeiro jogo da final eu fiquei pensando muito naquele dia, que eu podia ter marcado a história nesse clube. Foi o melhor momento da minha carreira. Fui eleito para a seleção da Libertadores junto com o Durval", comenta Fabrício.
"Eu não esqueço nunca desse dia. As pessoas costumam lembrar sempre do campeão. E no Athletico você fica um pouco esquecido. O título é tudo. As portas se abriram muito para quem foi campeão", lamenta André Rocha.
"Esse título faz muita falta. Aquilo foi uma coisa que vai ficar marcada para todos nós que estavam lá, por causa de uma briga política. Foi sacanagem", aponta Alan Bahia.
"Depois eu fui jogar em 2012 no Guarani e convivi com o Amoroso. Um dia ele falou sobre aquela final. Disse que quando os jogadores do São Paulo souberam que a final não seria na Arena, falaram que 'já era' o campeonato", revela Fabrício.
"Fica aquele sentimento do se. É um título que ia marcar a nossa história, marcar a história do clube. Fica aquele gostinho amargo. Abriria novas portas, ia mudar o patamar mais cedo do Athletico. Mas hoje o clube está alcançado esse projeto que foi traçado", avalia Marcão.
"No jogo de volta eu ainda perdi um pênalti. Confesso que fiquei preocupado com a reação da torcida. Mas logo depois fiz o gol da vitória contra o Atlético-MG. Acho que a torcida entendeu o que a gente passou", afirma Fabrício. "Depois o São Paulo foi jogar lá e ganhamos de quatro", provoca Antônio Lopes.
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