| Foto: Divulgação/CBF
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Com quatro meses de atraso por causa da pandemia de Covid-19, o Brasileirão 2020 começa neste fim de semana com partidas entre sábado e domingo. Um campeonato histórico – e com um favorito claro –, mas que promete ser imprevisível em todo o restante.

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Com exceção do atual campeão Flamengo, que indiscutivelmente larga na frente dos outros 19 rivais, a temporada não restringe sua imprevisibilidade aos resultados dentro de campo. Qual será, por exemplo, o impacto dos estádios sem torcedores na disputa?

O calendário apertado, com jogos em sequência até fevereiro de 2021, cobrará que preço dos atletas? O mando de campo deixará de ser um fator essencial? Existem dúvidas até sobre onde você, torcedor, poderá acompanhar seu time do coração na televisão.

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“Já é difícil prever o que vai acontecer no futebol brasileiro em condições normais, imagina com essa gambiarra que vai ser o Campeonato Brasileiro. Vai ser uma temporada provavelmente muito difícil”, resume o comentarista da ESPN Paulo Calçade.

“Prevejo um campeonato senão lotérico, porque ele tem um favorito, mas muito instável e sem um nível de jogo que começamos a ver no passado, puxados por Flamengo e Santos. Então vejo mais quantidade do que qualidade”, destaca o jornalista Arnaldo Ribeiro, do SporTV e UOL.

Não há bolha. A doença que parou o mundo – e ainda causa milhares de mortes diárias no Brasil – certamente vai afetar bastante o andamento do Brasileirão. Apesar dos protocolos médicos para afastar os jogadores do novo coronavírus, testes positivos continuarão a retirá-los das rodadas, exatamente como vêm acontecendo invariavelmente desde o retorno do estaduais.

Para garantir a bola rolando, contudo, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) colocou a responsabilidade em cima dos clubes. Cabe a eles encontrar um local para mandar seus jogos caso suas respectivas cidades proíbam ou restrinjam a prática esportiva por causa da pandemia. As alterações devem ser divulgadas dez dias antes dos duelos.

As equipes, aliás, também devem encarar problemas de logística nos deslocamentos. Com menos voos diretos para os destinos, times distantes do eixo Rio-São Paulo perderão mais tempo em trânsito. Um problema de grandes proporções, considerando que não haverá folga na tabela antes 26 de agosto, quando estão marcadas as partidas de volta da terceira fase da Copa do Brasil.

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Mas a maratona de dois jogos por semana só não deve acontecer quando coincidir com outras competições, como a Libertadores. O reflexo direto é na qualidade do espetáculo. “O jogador não consegue se recuperar a tempo de executar as mesmas tarefas em campo. Tem a parte psicológica, emocional. Isso a ciência comprova”, aponta Calçade.

E, logo de cara, a CBF também terá de achar datas para três jogos da primeira rodada, adiados do envolvimento de times nas decisões de Baianão e Paulistão: Botafogo x Bahia, Corinthians x Atlético-GO e Palmeiras x Vasco.

Sem torcida, em campo neutro, Brasileirão pode ter jogos com "ritmo de treino"

Sem público liberado, o principal torneio nacional terá jogos praticamente em campo neutro todas as quartas, quintas, sábados, domingos e segundas. E até que ponto essa nova realidade pode influenciar no rumo do campeonato? A resposta é unânime.

“Os times mais fragilizados e que dependem de uma atmosfera positiva para pressionar os adversários sentirão mais a ausência da torcida”, afirma Mauro Cezar Pereira, colunista da Gazeta do Povo e comentarista da ESPN.

“Quem tem mais time leva vantagem. Em campo neutro, as equipes com mais qualidade têm maior possibilidade de impor sua capacidade. Na média geral, em campeonatos europeus ou nos estaduais, o mandante ainda ganha mais partidas, mas aumentou sensivelmente o número de vitórias dos visitantes por conta da ausência de público”, concorda Cristian Toledo, blogueiro da Tribuna e comentarista da RPC.

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Ou seja, se em 2019 os mandantes venceram 57% dos pontos disputados no Brasileirão, a tendência é de que o número caia sem a pressão das torcidas. Foram 184 triunfos caseiros contra 98 derrotas, além de 98 empates.

“O fator mando de campo é uma tradição do futebol brasileiro e de certa forma ajuda a equilibrar as forças desiguais. Sem público isso praticamente desaparece”, reforça o comentarista da Rádio Transamérica Curitiba Guilherme de Paula.

Outra mudança está nas mãos dos técnicos. A CBF adotou as cinco substituições liberadas pela Fifa para o retorno dos campeonatos no período de pandemia. No entanto, para que não haja impacto em perda de bola rolando, as trocas devem ser feitas em no máximo três janelas por equipe.

A novidade aumenta a chance dos treinadores, antes com peso maior na preparação e menor nos 90 minutos, de influenciarem o resultado final.

“Fora o goleiro, as cinco mudanças representam 50% do time durante a mesma partida. É uma novidade substancial e os técnicos serão submetidos a um exame detalhado nesse quesito”, acredita Carneiro Neto, colunista da Gazeta.

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“Os treinadores estão aprendendo na prática. Dá para mudar jogos. Evidentemente aqueles que tem um banco melhor vão, talvez, mudar as partidas de forma radical”, argumenta Calçade. “Nos Estaduais não vi nenhum técnico lidar bem com isso”, ressalta Ribeiro.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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