Athletico e Fomento Paraná marcaram para o próximo dia 16 de março mais uma rodada de negociação sobre a dívida da Arena da Baixada. Será a terceira vez que representantes do clube e da agência de desenvolvimento do governo se encontram em audiência para tentar um acordo de pagamento dos R$ 291 milhões emprestados pelo clube para a reforma do estádio para a Copa do Mundo de 2014.
Enquanto o Athletico busca chegar a um consenso com a Fomento, o clube também aguarda a finalização da perícia realizada no estádio pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em novembro de 2018, o clube garantiu na Justiça um pedido de antecipação de provas para avaliação do valor exato da reforma da Arena — o Ministério Público do Paraná (MP-PR) se posicionou contra.
O valor total da perícia, de R$ 600 mil, está sendo pago em parcelas pelo Athletico. A análise, no entanto, ainda deve demorar mais alguns meses para ser finalizado.
Só depois de finalizada a perícia que o processo deve voltar a andar na 4.ª Vara de Fazenda Pública de Curitiba. No ano passado, o clube apelou da execução imediata da dívida, que passa de R$ 600 milhões (contando juros, multas e encargos). Ainda não houve julgamento.
O argumento da defesa é de que o Athletico seria responsável por um terço do custo da obra. O restante, conforme estipulado no acordo tripartite, seria dividido entre governo estadual e prefeitura de Curitiba.
O município, no entanto, entende que a divisão correta é a do valor que consta no segundo aditivo do contrato do convênio: R$ 184,6 milhões.
Em ofício assinado pelo então chefe da Casa Civil do governo Beto Richa, Eduardo Sciarra, o estado já se posicionou pela divisão igualitária do total da reforma. O número final, próximo de R$ 346 milhões, será determinado via perícia.
Ou seja, o jogo político segue como componente crucial para a resolução do caso.
Caixa para pagar o estádio
Com vendas milionárias recentes, o Athletico tem se resguardado financeiramente para o desfecho da situação da Arena.
Mesmo com possibilidade de vários recursos na Justiça, o que garantiria o prolongamento da questão por anos, o presidente Mario Celso Petraglia decidiu segurar as receitas e diminuir o investimento em contratações para a temporada.
A reportagem apurou, com fontes próximas a Petraglia, que o dirigente se preocupa em não deixar um 'gargalo' em seu legado. E, caso o clube chegue a um acordo com a Fomento, já teria um caixa sólido para pagar um valor de entrada à agência.
No ano passado, por exemplo, o lateral-esquerdo Renan Lodi foi vendido ao Atlético de Madrid por cerca de 20 milhões de euros, aproximadamente R$ 87,5 milhões na cotação da época.
Em 2020, o Furacão já negociou Bruno Guimarães, Rony e Léo Pereira. Acrescentando a transação que levou o atacante Pablo ao São Paulo, no início de 2019, o clube recebeu um valor bruto de quase R$ 270 milhões em pouco mais de um ano.
Além disso, o clube arrecadou mais de R$ 100 milhões em premiação no ano passado, após a conquista da Copa do Brasil.
A reportagem procurou o advogado do Athletico, Luiz Fernando Pereira, para comentar a reportagem, mas não obteve resposta. A Fomento Paraná, como é de praxe, não comenta assuntos judicializados.