O ano é 2013. Em atrito com a Federação, o Athletico toma a decisão de disputar o Estadual com o time sub-23 pela primeira vez. E daquele time derrotado pelo Coritiba na final, surgia uma revelação que gerava grande expectativa: Douglas Coutinho.
Então com 19 anos, o atacante de passadas largas, que chamava atenção pela velocidade, lutou pela artilharia do Estadual. Fez 11 gols, mas ficou atrás de Alex que, com 15, foi o craque do certame.
“Dos que eu joguei contra, foi o melhor que vi. Mesmo ele já mais velho, era impressionante. Ele decidiu a final e o nosso time era só garotada”, relembra Douglas Coutinho, aos 26 anos, que ainda recorda com carinho o técnico Arthur Bernardes, que comandou o Athletico no torneio.
A velocidade e explosão fizeram com que atacante fosse tratado como a mais nova joia da base atleticana. No ano seguinte, os gols no time profissional fizeram que as sondagens de gigantes da Europa se intensificassem. Interesse de Manchester United, Atlético de Madrid, Porto. Mas foi aí que Douglas Coutinho conheceu o lado obscuro do futebol.
“Quando eu subi para o profissional não envolvia dinheiro. Era só a paixão que eu tenho pelo futebol. Eu não tinha olhos para a maldade. Mas eu comecei a ver o que acontecia. Como as coisas funcionavam”, conta o atacante.
Douglas Coutinho se refere à venda dos seus direitos econômicos ao grupo de investidores Doyen Sports, em novembro de 2014. O Athletico negociou 70% por R$ 4,5 milhões de euros (cerca de R$ 14 milhões na época). Na opinião do atleta, o Athletico fez o certo. Mas a gerência da sua carreira não foi do jeito que ele imaginava.
“Quando apareceram essas propostas dos clubes eu sempre priorizei ir para fora. Por questões financeiras, o clube optou por me vender a um grupo de investidores. Só que você acaba ficando preso ao investidor. Quando aparecia a proposta, os investidores queriam lucrar muito para me negociar”, explica.
“Na minha visão, o clube tem que ter o lucro com o atleta. Então, o Athletico fez a parte dele na história e foi quem saiu ganhando. Nunca tive contato com os investidores. Eu não ficava sabendo onde iria jogar e não podia escolher nada. Mas eu também tenho minha culpa nessa história. Sou eu que entro em campo”, complementa.
Após a transação, Douglas Coutinho permaneceu mais um ano no Athletico e depois foi emprestado ao Cruzeiro, em uma passagem de pouco sucesso. Para ele, foram tempos difíceis.
“Quando você não dá resultado no futebol, é descartado como um lixo. O jogador é visto como um produto. Eu pensei em parar de jogar. Acabei desanimando. Era muito novo e as coisas não deram certo como eu imaginei. Se não fosse minha família, minha esposa e meus filhos, eu teria largado. Mas aí você pensa. Muitas pessoas dependem de mim”.
Recomeço no Operário
Hoje, ele busca o recomeço no Operário-PR. O início não poderia ser melhor. Artilheiro do Paranaense com quatro gols em oito jogos e classificação garantida para a segunda fase da Copa do Brasil. Mais maduro, Coutinho diz que já enxerga o futebol de outra forma.
“Quando você sobe para o profissional quer mostrar serviço. Então acaba correndo mais do que precisa. Em Portugal (jogando pelo Braga) aprendi a me posicionar melhor. Estou vivendo uma nova fase. Sou novo ainda, me cuido fisicamente. Sei que posso render muito mais”, confia o atacante.
Antes de chegar ao Operário, o jogador teve uma boa passagem pelo futebol sul-coreano, no ano passado. Fez 19 jogos e marcou nove gols. Mas o gol marcante do jogador foi pelo Athletico, na Libertadores de 2017, contra a Universidad de Chile: "O Paulo Autori acreditava muito em mim. Foi um momento muito especial e a foto da comemoração eu coloquei na parede da sala de casa".
Douglas Coutinho está emprestado ao Operário e tem contrato com o Athletico até julho de 2020. O atacante diz que ainda não sabe qual será o futuro.
“Estou emprestado ao Operário até lá. Depois não sei. Estou feliz aqui. O clube é organizado e está crescendo bastante. Quero muito poder ajudar. Vou agarrar ao máximo a oportunidade”, finaliza.
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