Empresário de sucesso, chef midiático, criador do "melhor hambúrguer do mundo"... Não faltam expressões para descrever o paranaense Junior Durski, dono de uma rede de restaurantes avaliada em R$ 3 bilhões.
'Apaixonado por futebol', no entanto, não está entre os rótulos mais comuns - apesar de verdadeiro. A marca do Madero, carro-chefe desse atleticano de 57 anos, aliás, estampa a camisa do Coritiba desde o mês passado. E não é puro marketing.
A ideia, que parece contraditória para a maioria dos torcedores do Athletico, faz sentido para Durski. Ele (realmente) se preocupa mais em ajudar a instituição do que com o próprio retorno de mídia que certamente virá.
E por que não patrocinar o time do coração? Quem sabe, transformar a Arena da Baixada, Arena Madero, comprando os naming rights do estádio...?
Essas questões já cruzaram a mente de Durski, que explica na entrevista a abaixo os motivos pelos quais ainda não investiu no Furacão:
Você é de Prudentópolis, no Interior do Paraná. Como virou atleticano?
Eu nasci atleticano. Sempre pratiquei esportes, sempre gostei de futebol, já estava no sangue, sabe? Meu pai era flamenguista, mas o segundo time era o Athletico. Quando comecei a entender de futebol, lembro da Copa de 1970. Meu pai ia de carro até Ponta Grossa para poder assistir aos jogos. Em Prudentópolis não tinha televisão. Eu tinha oito anos e já era atleticano.
De onde surgiu a ideia da ação no jogo do Coritiba, estreia da Série B, em homenagem ao Dirceu Krüger?
Foi o Paulo Baggio [1º vice-presidente do Coxa], que nos que pediu uma ajuda. Eu falei que era atleticano, mas ele disse que seria pelo futebol. E faz sentido. O Coxa está em um momento, assim, difícil, é do [estado do] Paraná, faz todo sentido apoiarmos um time que está precisando, do ponto de vista de marketing. É um bom investimento, acho que tem um bom retorno. Temos bastantes restaurantes no Paraná, somos daqui. Se for para fazer um investimento, tinha que ser aqui.
Esse patrocínio aconteceria de qualquer maneira ou foi exclusivamente por causa da homenagem ao Krüger?
A conversa com o Paulo foi anterior. Mas não sei iria acontecer. Não estava definido, sabe? Enfim, [após a morte do Krüger], decidimos fazer porque fazia sentido.
Foi realmente uma maneira de ajudar o Coritiba, mais do que qualquer busca por retorno de mídia…
Sem dúvida nenhuma. Têm dois pontos. O investimento em marketing é um. Era a abertura da Série B, o jogo foi televisionado pelo SporTV. Você tem um retorno, de exposição de marca, de marketing mesmo. Do outro lado, existe um retorno emocional, vamos dizer, por ser o Krüger, um ícone do nosso futebol. E, assim, nunca fui daqueles que torce contra o rival. Torço pro Athletico, mas tomara que o Coxa esteja bem também. E o Paraná, o Londrina, o Operário, todos que estiverem representando o estado.
O Madero também patrocinou o Londrina...
Patrocinamos durante cinco anos. Continuamos com o Operário, de Ponta Grossa, e com o Prudentópolis, que patrocinamos desde que voltaram a jogar o Paranaense. No Operário, como há muitos empresários que ajudam, nem estamos mais na camisa do time. Estamos na camisa do treinador.
Você tem vontade de patrocinar o Athletico ou comprar naming rights da Arena da Baixada?
Já passou [pela cabeça]. Já pensei nisso. Mas o Athletico é um time tão bem administrado, quer gostem, quer não gostem do Petraglia. Eu gosto, porque gosto de resultado. Acho que esse jeito meio ditador dele faz sentido. Mas que bom que o Athletico vive um momento bom, além do que é caríssimo fazer um patrocínio no clube. É muito caro. Já falamos com eles, mas é um outro patamar. E aí achamos que não faz tanto sentido para nosso produto, quando falamos em Brasil, fazer no Athletico. Até por que o Athletico já tem patrocinador master, não dá para ter dois. Se o clube estivesse em um momento ruim, eu seria o primeiro a ir lá para ajudar de alguma maneira.
E quanto a abrir uma loja no Boulevard da Arena?
Também já olhamos, já vimos os espaços. O que acontece é que o Brasil ainda está numa crise muito grande ainda. Se no ano passado eu pensava que estávamos no fundo do poço, desceu mais um pouco em 2019. Na minha opinião, todo mundo achou que o Bolsonaro tinha uma varinha mágica, mas não tem isso. Tem que ir recuperando ao longo do tempo, não é rápido assim. Então, nesse momento não há como colocar mais restaurantes em Curitiba. Talvez até devêssemos ter um ou dois a menos. Quanto a economia estiver mais aquecida, faz sentido a Arena ter um boulevard de restaurantes. E, olhando o futebol, é o pior negócio do mundo. Tem o que, um jogo por semana? Ainda mais que não pode vender álcool…
Agora pode, a decisão saiu hoje. (NR: A entrevista foi feita no dia 21 de maio).
Que boa notícia. Pra mim, não fazia sentido nenhum não vender. Aqueles caras que arranjam confusão já chegam bêbados. São aqueles que só vão para brigar. A cerveja faz parte da festa. É igual ser convidado para uma festa que em que não pode beber. Não vai ter quórum.
Qual sua relação com o Athletico, como torcedor?
Sou meio bandido. Quando o time está bem, vou em todos os jogos. Quando o time está mal, está ruim, eu não vou ao estádio porque isso estraga meu dia. Eu sofro muito no jogo. Acho ruim perder. Vou lá, sofro pra caramba, depois vou jantar puto da vida? Se a chance de sofrer for grande, não vou.
Boa parte da torcida reclama do serviço de alimentação da Arena. O que você pensa?
Aí têm dois pontos. Tem o lado de gostar do Athletico e querer que fosse melhor, que a alimentação fosse mais diversificada. Não vou nem dizer que é ruim, isso é subjetivo. Mas acho muito difícil operar, né? Veja quantos jogos temos por menos, quatro, cinco? E se for olhar pro ano inteiro, tem um período sem jogos, tem também o Paranaense, que vai pouca gente. Não se sustenta a operação lá dentro. Você precisa ter uma estrutura, pessoas, acho difícil. Além de tudo tinha o problema de não poder vender cerveja. Quando vendia cerveja tinha muito mais operações de restaurante lá dentro. Quem sabe isso retoma agora?
Você tem alguma relação com o Petraglia?
Não, não tenho. Eu não tenho tempo de participar dessas coisas. Já me convidaram para fazer parte da chapa que concorreu contra ele, mas respondi que não tinha tempo, que não era meu negócio. Não é minha praia. E eu seria pior que o Petraglia de ditador, sabe? Tem coisas que não dá para conversar muito, tem que fazer acontecer.
Nem no futuro você pensa em entrar para a política do clube?
Aí sim. Se eu tivesse tempo, iria participar. Quem sabe quando eu me aposentar?
Patrocinar clubes de futebol, para você, é algo pontual?
A grande dificuldade do marketing é que não tempos agência. Temos uma house interna onde vamos tocando o marketing. O grande desafio é saber o que dá resultado. Muito provavelmente vamos patrocinar o Londrina nesse campeonato ainda, como master. E é aquilo que tenho falado para o pessoal do Coritiba. Vou ajudando, vou patrocinando, mas se aparecer um negócio bom, a gente sai e deixa alguém mais forte como patrocinador. No Londrina também, eles estão sem ninguém. Falamos com o Malucelli, vamos fazer de qualquer maneira, se não é com muito, pelo menos uma parte vamos ajudando para que não fiquem sem nada. Se aparecer um negócio para eles, que bom.
E qual a chance de permanência no Coritiba após os seis jogos até a parada para a Copa América?
Total. Se não aparecer nada melhor para o clube, um banco, uma empresa multinacional, vamos nós aqui. O valor é bem razoável. Estamos trabalhando, vamos dizer, com um terço do valor da Série A, de um time do nível da Chapecoense, mais ou menos… O que o Londrina, o Coritiba pretendiam fazer por ano está na casa de uns R$ 2 milhões pelo campeonato todo. A gente vai parcelando isso, dividindo. Por outro lado, se eles vão bem, a torcida vai se animando, acho que vale um pouco mais. Se começar a despencar para a zona no fundo da tabela, vale menos, né? O risco é do clube.
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