As férias coletivas dos 20 times da Série A do Brasileirão começaram na última quarta-feira (1) e várias equipes vão utilizar o período para negociar com os elencos possíveis reduções salariais para a paralisação do calendário do futebol causada pela pandemia do novo coronavírus.
Da elite do futebol nacional, três clubes definiram que não haverá nenhuma diminuição nos vencimentos (Coritiba, Flamengo e Red Bull Bragantino) e outros quatro já acordaram com os jogadores algum tipo de desconto (Atlético-MG, Ceará, Fortaleza e Grêmio).
O período de férias coletivas de 20 dias foi um acordo nacional estabelecido na semana passada entre a Comissão Nacional de Clubes (CNC) e a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf). As duas entidades deixaram de lado as tentativas de se definir uma redução salarial única para todo os jogadores do futebol brasileiro e deixaram a cargo das equipes cuidarem individualmente dessa questão.
A discussão teve início após a pandemia forçar a suspensão do calendário de competições. Os clubes alegam que terão grandes prejuízos nesse período pela falta de receitas com bilheteria, cotas de televisão, programas de sócio-torcedor e contratos com patrocinadores.
As diretorias têm buscado acordos para adiar as parcelas de pagamento de dívidas e contam com alguns auxílios também. A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), por exemplo, permitiu que os participantes da Copa Libertadores e da Copa Sul-Americana recebessem antecipadamente até 60% do prêmio de participação.
Apesar de 13 clubes ainda não terem uma decisão final sobre a redução salarial, vários deles estão com definições encaminhadas. O Palmeiras quer manter os salários, mas antes fará um estudo de viabilidade econômica. O Botafogo e Santos já sinalizaram que não pretendem fazer reduções. Por outro lado, times como Bahia, Internacional, São Paulo e Sport vão manter conversas com os jogadores nas férias para tentar diminuir as despesas da folha salarial.
O primeiro time a ter fechado o planejamento para o período de pandemia foi o Fortaleza. Os jogadores aceitaram ter uma redução de até 25% nos salários. "Quando surgiu o problema da pandemia, a gente tem uma preocupação com o clube de como sustentar e manter a estrutura", disse o presidente do clube, Marcelo Paz. A alteração nos vencimentos se estendeu também a gerentes e diretores executivos.
O Grêmio propôs uma alteração diferente. Os vencimentos mensais previstos na carteira de trabalho estarão mantidos. A mudança será no pagamento de direitos de imagem, que estarão suspensos durante a paralisação. Os valores pendentes serão pagos em 2021.
"O clube reajustou seu quadro de pessoal, fez serviços a domicílio, trabalhou a ideia de férias e organizou uma série de situações funcionais que são relevantes, junto com seus jogadores, com sua comissão técnica, com todos aqueles que prestam serviço", disse o presidente Romildo Bolzan.
Já o Atlético-MG terá uma redução ampla de salários para todo o quadro de funcionários. Só quem ganha até R$ 5 mil não terá alteração. Os demais sofrerão um corte de 25%. O presidente do clube, Sérgio Sette Câmara, adiantou ainda que deve fazer algumas demissões de funcionários para diminuir algumas despesas.
"Minha obrigação como mandatário do Atlético e gestor responsável que sou é tomar todas as medidas necessárias para a sobrevivência do clube, tendo em mente não prejudicar a grande maioria dos trabalhadores e colaboradores do clube", afirmou o dirigente em entrevista à rádio 98FM.
Salários mantidos
Além de Red Bull Bragantino e Flamengo, o Coritiba é outro clube a ter anunciado até agora a manutenção da folha de pagamento. Porém, a decisão pode sofrer algum ajuste caso a equipe fique sem dinheiro.
"Nós já definimos que não haverá redução de salários. Os atletas receberão os seu salários integralmente. O Coritiba não vai pagar apenas CLT, mas a imagem também. O que nós vamos negociar com os atletas é apenas alguns prazos diferentes para pagamentos, se forem necessários dentro do nosso fluxo de caixa", afirmou o presidente Samir Namur.
Confira a situação dos clubes:
Athletico-PR - Com o elenco liberado por tempo indeterminado, equipe estuda como realizar uma redução salarial.
Atlético-GO - Clube vai avaliar futuramente como vai proceder com a negociação dos salários. As conversas envolvem também o Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de Goiás (Sinapego).
Atlético-MG - Vai reduzir 25% dos salários dos jogadores, comissão técnica e diretoria pelo período que perdurar os efeitos da pandemia.
Bahia - Plano é oferecer uma redução, mas haverá uma conversa com o elenco na próxima semana para definir o valor.
Botafogo - Diretoria não pretende reduzir salários.
Ceará - Vai distribuir parte dos vencimentos referentes a abril e maio nos meses seguintes.
Coritiba - Vai manter os salários.
Corinthians - Diretoria avalia possíveis mudanças.
Flamengo - Clube entende que pode absorver os impactos financeiros da paralisação e vai manter os salários normalmente.
Fluminense - Diretores e gerentes reduziram os salários em 15%, mas a negociação sobre os pagamentos ao elenco ainda não está definida.
Fortaleza - A diretoria estabeleceu que 25% do salário referente ao mês de março só será pago após a crise passar. Sobre o mês de abril, os atletas abriram mão definitivamente de 10% dos vencimentos e outros 15% só serão recebidos depois da paralisação terminar. Dirigentes executivos remunerados também vão enfrentar reajuste, ao receber 15% menos dos salários de abril.
Grêmio - Acordou com o elenco que os direitos de imagem dos período sem jogos será pago somente em 2021.
Goiás - Assim como o Atlético Goianiense, conversa com o sindicato local para definir como ficará a negociação salarial.
Internacional - Diretoria vai debater com o elenco durante as férias para avaliar possível redução.
Red Bull Bragantino - Vai pagar os salários integrais durante o período.
Palmeiras - Clube vai fazer estudo financeiro durante abril para avaliar a capacidade de manter os salários. O plano é não fazer redução.
Santos - Diretoria se compromete a pagar as férias até o quinto dia de maio e pode parcelar os valores. Uma possível redução salarial ainda será discutida, mas o interesse é manter os valores.
São Paulo - Diretoria vai conversar com o elenco sobre o assunto. A primeira proposta foi de redução de 50% dos salários, oferta que foi recusada.
Sport - Vai realizar reuniões com os jogadores nos próximos dias para definir o que fazer.
Vasco - Depende de conversas com o elenco para resolver a redução salarial.