
Quando o ônibus coxa-branca estacionar hoje na Arena da Baixada para o Atletiba das 16 horas, o panorama do lado alviverde não é difícil de prever. Rostos sisudos, a maioria dos atletas com fone de ouvido para disfarçar a concentração total. Na cabeça, um único pensamento: conquistar o título estadual de forma irretocável.
Para Atlético, dono da casa, a situação é outra mas não menos desafiadora. O objetivo traçado consiste em ser o primeiro clube a bater o melhor time da temporada e impedir a festa rival em seus domínios mesmo que evitar a definitiva comemoração adversária não esteja a alcance.
Com apenas um empate hoje o Coxa pode concretizar seu 35.º triunfo regional. São 23 vitórias, dois empates e nenhum revés na temporada construídos "à base de muito trabalho", como costuma dizer o técnico Marcelo Oliveira. Porém, trabalho resume de forma simplista o embalado alviverde.
O ambiente, moldado em companheirismo, tem desde brincadeira de pipa de Léo Gago e Bill no CT da Graciosa até carrinho do controle remoto de Jonas e Emerson antes de treino no Couto Pereira.
Passa também pelo grupo de orações e louvor liderado por Pereira e Cleiton na véspera de todos os duelos e pela música animada normalmente funk, axé e sertanejo nos vestiários. Jogadores pedindo para treinar além do planejado fecha o roteiro do time a ser batido na temporada.
A trajetória histórica tem muito do perfil sereno e conversador do comandante. Ele diz acreditar que o momento-chave da campanha é a síntese do que ocorreu todos os dias desde o início da pré-temporada, no dia 3 de janeiro, ainda em Curitiba antes de seguir para Foz do Iguaçu.
"Estamos sendo gratificados, recompensados pelo trabalho intenso exercido. Há uma harmonia e equilíbrio bom no clube como um todo, e uma perspectiva forte para que seja um ano maravilhoso", disse o treinador mineiro.
Oliveira tem na cabeça o esboço da preleção da partida mais importante do ano, com vídeos motivacionais e vários tópicos para serem discutidos com os comandados.
"Somos os únicos que podem definir o campeonato. Quando o jogo começar, estaremos sendo campeões. Se não levarmos gols também", completou ele, tentando minimizar a pressão sobre os ombros de seu time.
Cinco pontos atrás do maior rival, o Atlético precisa de um milagre sem exagero para ser campeão. Se vencer, necessitaria de uma nova derrota alviverde para o Cianorte, na última rodada, além de mais três pontos diante do Rio Branco. Por isso, quebrar a série de vitórias consecutivas do clube do Alto da Glória, que pode igualar ao Palmeiras de 1996 com 21 triunfos, é o primeiro objetivo.
"É o time que vem apresentando o melhor futebol do Brasil. Acompanhei in loco no estádio, mas não é invencível. Existe o respeito pela tradição do Atlético e vamos colocar isso em campo", cravou Adilson Batista, crente que sua equipe pode repetir o bom futebol apresentado na última vez que entrou em campo, contra o Bahia, pela Copa do Brasil (vitória por 5 a 0).
"Isso nos passa confiança e também para o torcedor. Estamos bem focados e, para ainda termos uma chance, temos que vencer", fechou o meia Paulo Baier. Hoje, exatamente, completa-se 1.085 dias sem vitória do Furacão sobre o grande oponente.
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