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Análise
Reforços urgentes
Márcio Reinecken, repórter
O resultado de 2 a 0 é o que menos importa. O importante ao torcedor do Atlético era ver o desempenho do time. E quem assistiu à partida de ontem, mesmo o mais otimista, saiu ainda mais preocupado. O Rubro-Negro começou 2012 da mesma forma como terminou 2011: com pouquíssimo a oferecer.
Quem prefere culpar o técnico Juan Ramón Carrasco por suas improvisações contra o Londrina não deve ter visto a escalação e o banco de reservas do Furacão. São os mesmos, com ainda menos opções técnicas. Treinar o Atlético, já há algum tempo, é tirar leite de pedra. Até consigo entender o raciocínio do comandante uruguaio. Afinal, se com todos jogando em suas posições, no ano passado, o time caiu para a Segunda Divisão, então o improviso era sim uma solução. O problema é que também não surtiu efeito.
É um bom exemplo para a diretoria: no futebol não adianta inventar muito. Por isso mesmo, o Atlético necessita de reforços urgentes.
Repatriados não guardam mágoa
Cícero Bittencourt, especial para a Gazeta do Povo
Um trio de ataque improvável para a torcida do Atlético foi o principal destaque do Furacão na vitória contra o Londrina.
Ricardinho, Marcelo e Bruno Mineiro, que estavam emprestados para outras equipes, retornaram para o Rubro-Negro e decidiram a partida de ontem.
Com a camisa 8, Ricardinho foi o autor do primeiro gol. Jogou aberto pelo lado esquerdo no esquema do técnico Juan Ramón Carrasco. Ele estava na Ponte Preta em 2011 e encara após cinco anos longe do clube a nova oportunidade no Furacão. Desde 2007, quando foi emprestado ao Dallas (EUA), o jogador perambula pelo mercado.
"Para mim é um recomeço. Ainda não tinha tido muitas chances de jogar aqui. O professor Carrasco está apostando na gente e nada melhor do que voltar em um momento difícil, quando a gente pode se sobressair", afirmou.
Bruno Mineiro e Marcelo completam o trio de dispensáveis que deram a volta por cima. Respectivamente retornando de Sport e Vitória, o segundo gol teve a marca da dupla.
Foi Marcelo quem cruzou para o centroavante marcar. "Fui artilheiro do Paranaense no Atlético em 2010, mas tive de sair. O empréstimo é normal no futebol, fui bem onde passei e estou feliz em voltar", disse Bruno.
O Atlético superou o gramado do Germano Krüger, a ausência de seu torcedor, a sua própria insuficiência técnica e o Londrina em certos momentos, mais organizado em campo.
Neste difícil cenário, o placar de 2 a 0 obtido em Ponta Grossa, ontem, foi melhor do que se poderia esperar do Rubro-Negro. E demonstrou a eficiência da pré-temporada fechada no CT do Caju. Também serviu de alento para o chamado "ano da volta à elite nacional".
O resultado também foi positivo para os "renegados" (leia mais nesta página). Bruno Mineiro e Ricardinho, dispensados anteriormente, voltaram marcando gols. Marcelo, outro sem aval da administração passada, foi um dos destaques do confronto.
A curiosidade era descobrir o esboço do esquema tático que será utilizado pelo técnico Juan Ramon Carrasco.
No papel e no discurso do comandante, o time tinha tudo para ser ofensivo. Paulo Baier foi improvisado como segundo volante e Marcinho estava encarregado da ligação com os três atacantes Ricardinho, Morro García e Nieto.
Na prática, o Furacão só conseguiu preocupar o Londrina na segunda etapa, quando o Tubarão se lançou à frente.
Antes disso, as improvisações de Carrasco foram traduzidas nos chutões da zaga para o ataque. Nas poucas articulações lúcidas do Rubro-Negro, o "volante" Baier iniciou um rápido contra-ataque que terminou com o gol de Ricardinho.
O mais próximo que o time de Carrasco chegou ao prometido "estilo Barcelona" foi uma rara mudança de posições entre Nieto e García, no primeiro tempo. Mas, seja com um ou outro pela direita, o rodízio não surtiu nenhum efeito tanto que El Morro foi substituído ainda no intervalo por Marcelo. E o Furacão melhorou.
"É um começo de trabalho. Não é fácil. É uma nova filosofia, tem muita coisa para melhorar, mas vamos nos adaptar. Foi bom pela vitória. Os três pontos dão confiança para a comissão técnica", analisou Baier, o capitão do Atlético.
Adaptação é uma palavra que serve para o próprio Carrasco, que marcou sua trajetória montando times ousados. Ontem, o melhor momento do Rubro-Negro foi quando o Atlético jogou no contragolpe, explorando a velocidade de seus atacantes. Assim saiu o segundo gol, de Bruno Mineiro.
Na quarta-feira, também em Ponta Grossa, o Atlético joga como visitante contra o Operário.
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