O mundo da bola, como a própria, dá muitas voltas. Nesta quarta-feira o Atlético assumiu uma posição de acusador de uma prática da qual já foi acusado recentemente. Em seu site oficial, os paranaenses acusam o São Paulo de aliciar dois dos seus jogadores juvenis para que eles mudassem de clube. A história lembra muito o caso envolvendo os garotos Raul e Choco, ex-jogadores do Coritiba, que teriam sido seduzidos em 2005 pelo Furacão.
A acusação atleticana diz respeito aos jogadores Paulo Vítor Villela e Rafael Tavares, ambos das categorias de base do Furacão, que "sumiram" no início do ano. O tom do texto publicado no site do Atlético é ríspido e o clube paulista é acusado de "roubar" as duas jovens promessas. "Novamente o São Paulo tenta roubar jogadores do Atlético Paranaense", fazendo alusão à situação do atacante Dagoberto, que nos próximos dias pode acertar com o clube Tricolor.
Segundo o texto, o gerente de futebol do São Paulo, José Carlos dos Santos, teria solicitado à Federação Paranaense de Futebol a transferência dos jogadores sem a autorização do clube paranaense. "A informação nos causa estranheza, já que os dois jogadores estão em situação regular e devidamente inscritos na Federação Paulista de Futebol", afirma a assessoria de imprensa do time paulista. Nenhum dirigente do São Paulo quis se pronunciar sobre o assunto, já que todos estavam mobilizados para o jogo do time na Libertadores.
Paulo Vitor é zagueiro e passou para a categoria Júnior do Atlético neste ano, após boa temporada pelos Juvenis. O clube informa que o jogador vinha treinando normalmente no Centro de Treinamentos do Caju e que depois de sair de férias, não se apresentou ao clube. Já Rafael Tavares é meia e ainda estava como juvenil. Depois das férias o jogador se reapresentou para os treinos, mas depois de um torneio não apareceu mais.
O clube curitibano lamentou a postura do rival. "O Atlético lamenta profundamente que o São Paulo insista nesse tipo de comportamento, abordando os melhores jogadores de base rubro-negros, após estes já terem recebido formação desportiva no CT do Caju, para convencê-los a abandonar o clube que lhes projetou e qualificou".
O departamento jurídico do Atlético afirmou que adotará medidas administrativas e legais para proteger os seus direitos "contra essa prática desprezível", encerrou a nota. A assessoria de imprensa do São Paulo afirmou que o clube não tomará nenhuma medida contra as acusações do Atlético e que cabe ao time paranaense provar o que quer que seja.
Foi tentado contato com a Federação Paulista de Futebol, mas o expediente havia terminado às 18h.
Caso "Raul e Choco"
Em agosto de 2005 os jogadores Raul e Choco deixaram o Coritiba para jogar no Atlético, maior rival do alviverde. O presidente do clube, João Augusto Fleury disse que o time não fez nada demais e que nunca havia procurado jogadores vinculados a outros times. O presidente Coxa, Giovani Gionédis, acusou o rival de "roubo" e o clima entre as diretorias esquentou.
Em entrevista à edição impressa da Gazeta do Povo os jogadores confirmaram que foram procurados pelo Atlético, que teria oferecido vantagens para contar com as duas promessas. A investida acabou rendendo bons frutos, já que os dois jogadores são constantemente convocados para as seleções de base.
Grandes rivais dentro e fora do campo
O Atlético e o São Paulo desenvolveram uma enorme rivalidade nos últimos anos. A "guerra" começou na final da Copa Libertadores, quando o clube paulista não permitiu a realização do jogo final na Arena da Baixada - que não tinha a capacidade prevista no regulamento. O título daquele ano ficou com os paulistas e o fato de não ter jogado em casa é apontado até hoje como determinante para a decisão do campeão.
O caso mais recente envolve o atacante Dagoberto, que assim que deixar o Atlético deve se apresentar ao São Paulo. Contudo outras polêmicas, como ameaças e palavrões nos vestiários e a venda e empréstimo do jogador Aloísio. já contribuíram para aumentar a rivalidade entre os clubes.
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