Atlético belisca a ZR

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"Ão, ão, ão, Segunda Divisão!" O coro irônico da torcida palmeirense doeu na alma dos rubro-negros na Arena. Nem tanto pela provocação. Muito mais pela falta de força que os fãs têm percebido no time na luta para se afastar da zona de rebaixamento.

Mesmo com três derrotas seguidas, a última o 2 a 1 de ontem para o Palmeiras, frustrando os quase 20 mil torcedores que foram ao estádio, o Furacão deu sorte e não voltou ao grupo dos quatro últimos colocados. Apenas porque os concorrentes diretos não ganharam. O Atlético (16º na tabela) agora está empatado nos 23 pontos com Náutico, Portuguesa e Santos – só ganha do Timbu e da Lusa no saldo de gols e do Peixe no número de vitórias – e tem dois pontos de vantagem para o lanterna Ipatinga.

Para uma equipe sem confiança, entrar na ZR poderia complicar ainda mais as coisas. O técnico Mário Sérgio e os jogadores mais experientes sabem disso. Tanto que o aspecto psicológico foi abordado diversas vezes nas entrevistas pós-jogo. "Sabemos que o grupo sofreu um monte de coisas, que a gente não tem porque falar agora", disse o treinador, enigmático, sobre problemas ocorridos antes de sua chegada. "É assunto interno, que vamos minimizando aos poucos e acredito que vamos sair disso. Se entrarmos em desespero vai ser pior ainda."

Ele também foi pela linha do psicológico ao analisar porque os jogadores estão com dificuldades nas finalizações. "É um processo que começa na base e envolve muitas coisas, principalmente o aspecto emocional", argumentou, deixando claro que na sua opinião não adianta apenas treinar chutes a gol exaustivamente.

A grande esperança da torcida é o retorno dos jogadores machucados. Segundo o técnico, o atacante Júlio César e o volante Valencia estarão à disposição para o jogo de quarta-feira contra o Goiás, em Goiânia. Outros, como Rafael Moura, Joãozinho, Netinho e Rhodolfo, só na retomada do campeonato após as partidas da seleção brasileira pelas Eliminatórias, em duas semanas.

Porém Mário Sérgio tenta segurar a expectativa."É uma responsabilidade que não podemos jogar covardemente nas costas deles. São do grupo como todos. Estão sendo trabalhados fisicamente para que possam jogar 90 minutos. Gostaríamos de mais tempo, mas infelizmente não temos peças de reposição", explicou.

Um dos que estava em recuperação física, o volante Fernando, que entrou no segundo tempo ontem, percebeu rapidamente que o time tem dado muita moleza aos adversários. "O Palmeiras soube aproveitar os nossos momentos de fraqueza", diagnosticou, aproveitando para fazer um alerta: "Temos de pensar em sair agora (das últimas posições), porque se deixarmos mais para a frente vai ficar muito difícil."

O capitão Alan Bahia concorda. "O resultado do meio de semana vai ser fundamental. Temos de ir para lá apenas com o intuito da vitória para deixar essa situação incômoda", discursou, sabendo do peso que seria treinar por dez dias com o time na zona de rebaixamento.