A disparidade nas cotas de TV dos estaduais impressiona – especialmente na comparação entre times considerados “pequenos” de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul e “grandes” de outras regiões do país.
No Paranaense, o Estadual menos valorizado com representantes na Série A, a maior cota televisiva é de R$ 600 mil (Coritiba e Paraná Clube). Já no Catarinense, Avaí, Chape, Criciúma, Figueirense e Joinville recebem R$ 650 mil.
No Cearense, por exemplo, o valor máximo é de R$ 800 mil (Ceará e Fortaleza), enquanto Bahia e Vitória faturam R$ 850 mil cada no Baiano. O trio Náutico, Santa Cruz e Sport obteve, cada um, R$ 950 mil de receitas neste ano pelo Pernambucano.
MATEMÁTICA Brasileirão: contas para título, Libertadores e rebaixamento
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Mas por que o carioca Volta Redonda (R$ 4 milhões), o paulista Novorizontino (R$ 3,3 milhões), o gaúcho Brasil de Pelotas (R$ 1,5 milhão) e o mineiro Patrocinense (R$ 850 mil), por exemplo, recebem mais do que a maioria das equipes mais importantes de outros estados?
Para o diretor de direitos esportivos do Grupo Globo, Fernando Manuel Pinto, a curiosidade pelo tema é compreensível. No entanto, segundo ele, o comparativo de receitas clube a clube não faz sentido.
“O valor comercial de um campeonato é orientado, fundamentalmente, pelo mercado a que ele se destina como um todo – e não pelo preço clube a clube. Ou seja, o bolo não deriva da soma das fatias. As fatias individuais é que decorrem do tamanho do bolo, acabam sendo proporcionais a ele”, diz Fernando Manuel.
Entre os pontos que interferem no tamanho do bolo estão a abrangência territorial e populacional que presta atenção e traz retorno em determinado competição. Ou seja, quanto mais estados e mais gente ‘consumir’ o campeonato, mais valioso ele será.
Algumas condições, entretanto, podem alavancar as cotas dos campeonatos. Acordos de longo prazo e nível de engajamento dos clubes ao comunicar seu valor ao público, em longo prazo, interferem positivamente, avalia Fernando Manuel.
“O tamanho do investimento a ser feito em uma competição está ligado a receita potencial que tais direitos podem gerar ao detentor. Tal receita potencial está, por sua vez, ligada a forma como tal exploração de direitos se dá, de maneira consistente ao longo do tempo, agregando-se valor ano a ano”, argumenta.
Na visão do executivo da Globo, enquanto parte relevante do calendário nacional for dedicada aos estaduais, o distanciamento financeiro é inevitável.
“Somente quando nosso futebol, como negócio, for baseado em competições nacionais regulares de início ao fim – e desde que com critérios de rateio das quantias que enderecem equilíbrio e diferenciação por meritocracia esportiva e comercial – será possível alcançar a desejada distribuição de recursos de TV entre os principais clubes do futebol brasileiro, independentemente do seu estado de origem”, conclui.
Veja as cotas de 2018 dos “pequenos” em cada Estadual
Paulista
R$ 5 milhões – Ponte Preta
R$ 3,3 milhões – Botafogo, Bragantino, Ferroviária, Ituano, Linense, Mirassol, Novorizontino, Red Bull, Santo André, São Bento e São Caetano
Carioca
R$ 4 milhões – Boavista, Madureira, Nova Iguaçu e Volta Redonda
R$ 2 milhões – Bangu e Portuguesa
R$ 800 mil – Macaé e Resende
R$ 500 mil – América, Bonsucesso, Cabofriense e Goytacaz
Gaúcho
R$ 1,5 milhão – Brasil de Pelotas e Juventude
R$ 1 milhão – Avenida, Caxias, Cruzeiro, Novo Hamburgo, São Luiz, São José, São Paulo e Veranópolis
Mineiro
R$ 850 mil – Boa Esporte, Caldense, Democrata, Patrocinense, Tombense, Tupi, Uberlândia, URT e Villa Nova
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