| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

A Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pretende denunciar o Atlético-PR após ação polêmica na partida contra o América-MG, no sábado, na Arena da Baixada. Mesmo sem autorização da CBF, os jogadores do clube entraram em campo com uma camisa amarela com a frase “Vamos todos juntos por amor ao Brasil”, em alusão ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).

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Conhecido por seu engajamento político, o zagueiro Paulo André foi o único a não entrar em campo com a camisa . Um dos líderes do extinto grupo Bom Senso FC, ele se negou a usar e manteve um agasalho sobre a mensagem.

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Paulo André (à esqueda) colocou um agasalho sobre a camiseta amarela sugerida pela diretoria do Atlético  

Em julho, o STJD puniu o Atlético-PR pelo uso de um telefone celular em campo pelo goleiro Santos, alegando ser parte de campanha para conscientização contra o uso do aparelho quando se dirige um carro. À época, os paranaenses sequer procuraram a CBF para pedir autorização. Como a entidade não autorizou a manifestação, o clube, que é reincidente, pode ser multado em até R$ 100 mil, conforme o artigo 191-III do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que fala em “deixar de cumprir o regulamento de competição”.

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Presidente do STJD, Ronaldo Piacente explicou a situação e como o órgão pode agir. O fato da manifestação ser política não é exatamente o único problema. “O Atlético-PR fez um pedido à CBF para realizar uma manifestação em campo. A CBF negou, pois o pedido foi realizado depois do prazo de 48h previsto em regulamento. Mesmo sem autorização, o time entrou com a camisa em alusão ao Bolsonaro. O STJD pode, sim, julgar a motivação. O Código da FIFA fala em punição para manifestação política. Mas neste caso, a denúncia é sobre a falta de autorização, que é uma infração à competição”, declarou.

A Procuradoria do STJD poderia denunciar a equipe dentro do código da Fifa, já que o CBJD não prevê a situação, mas, inicialmente, essa não é a ideia. “É uma coisa nova. A FIFA fala mais em manifestação da torcida, e não podemos julgar se não há previsão legal. A Procuradoria pode denunciar um clube dentro do código FIFA, mas seria difícil nesse caso. Não podemos levar para a política partidária. É um descumprimento de negativa da CBF que fere o regulamento”, declarou.

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Procurada pela reportagem, a CBF explicou que o pedido do Atlético-PR sequer foi avaliado. “Como chegou depois do prazo, no fim da tarde de sexta, nem analisamos o conteúdo. O pedido foi negado, como acontece muitas vezes. Não existe uma regra estipulada para isso. Não foi negada por ser uma manifestação política. É questão de protocolo, tempo de jogo, horário da partida, além, claro, da questão de marketing, que envolve os contratos de TV e patrocínio”, disse Douglas Lunardi, diretor de comunicação da CBF.

Quando questionado se a CBF aprovaria manifestações políticas, Douglas preferiu não entrar em detalhes. “Não trabalhamos nem vamos comentar hipóteses. O caso foi ausência de prazo. Precisamos manter um protocolo para não haver problemas como no passado, de questões de exposição de marcas concorrentes aos patrocinadores”, disse, lembrando a final entre Vasco e São Caetano, em 2000, quando o clube carioca entrou em campo exibindo a logo do SBT, rival da Globo, detentora dos direitos de transmissão da competição.

Na súmula após o jogo, o árbitro Raphael Claus registrou o acontecimento. “Informo que a equipe do Atlético Paranaense adentrou ao campo de jogo para o Hino Nacional com uma camisa de cor amarela por cima da camisa de jogo, com os seguintes dizeres ‘Vamos todos juntos por amor ao Brasil’“.

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