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Lance da jogada violenta de Graxa em Heracles | /Reprodução SporTV
Lance da jogada violenta de Graxa em Heracles| Foto: /Reprodução SporTV

Não é exagero dizer que a vida do lateral-esquerdo Héracles mudou completamente, em apenas um instante, na noite de 25 de outubro de 2013. Emprestado ao Avaí, o prata da casa do Atlético-PR sofreu grave lesão no joelho esquerdo aos 20 minutos do segundo tempo do jogo contra o Bragantino, pela Série B, na Ressacada.

Como consequência de uma entrada do volante Graxa, rompeu três ligamentos e até correu risco de ter a perna amputada (veja o lance ) – a forte imagem virou notícia em todo país. O jovem jogador, então com 21 anos, nunca mais foi o mesmo.

Cinco anos depois do incidente, o Héracles decidiu encerrar a carreira oficialmente nesta terça-feira (13), após mais de um ano sem atuar. Seu último clube foi o Ypiranga-RS, onde jogou a Série C em 2017 – ele também defendeu Joinville e J. Malucelli.

Heracles, em 2010, no Atlético.Giuliano Gomes/Gazeta do Povo

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“Sinceramente, aquela lesão tem peso imensurável na minha decisão de parar”, contou à Gazeta do Povo.

“Desde então, encarei dois anos de dificuldade. Estava com muita dor no tornozelo e descobri que estava com uma fratura. Foram muitos remédios, pressão para jogar, pressão comigo mesmo, e acabei tendo um problema de desordem hormonal. Ficou insustentável. Amadureci a decisão, mas saio [do futebol] realizado por tudo que vivi”, explicou o agora ex-atleta, que escolheu Fortaleza, capital de seu estado natal, para morar.

Se Héracles sofreu na pele as dores – físicas e mentais – de uma lesão que o tirou dos treinos por nove meses e abreviou sua carreira, Graciano Junior Gonçalves, o Graxa, ainda sente as consequências de uma jogada extremamente imprudente.

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Além de ter sido punido por 180 dias pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o volante viu sua carreira estagnar. Quase todas as portas se fecharam para um atleta cuja principal lembrança no currículo é ter machucado gravemente um colega de trabalho.

Após deixar o Bragantino, o meio-campista passou pelo goiano CRAC e pelo minúsculo Marbella, da Terceira Divisão da Espanha. Neste ano, defendeu o pernambucano Central, de Caruaru, e o Santa Helena-GO, onde sequer jogou.

“Aquilo lá [lesão] me atrapalhou bastante. Não foi maldade minha, não queria machucá-lo”, afirmou o jogador, que não conseguiu se livrar do estigma e aparentemente carrega uma alta dose de culpa.

“Já tentei, mas é impossível esquecer aquela coisa que aconteceu, que acabou prejudicando nós dois. Sempre bate uma lembrança daquilo. Se tivesse como evitar lembrar, eu evitaria”, ressaltou Graxa.

Héracles também passou pelo J.Malucelli em 2016.Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Perdão e futuro

No dia seguinte à lesão, ainda no hospital, Graxa pediu perdão a Héracles por telefone. Cinco anos depois, ele não sabe se o ex-lateral realmente superou a mágoa.

“Ele aceitou na época, mas não foi totalmente. Estava muito recente e seria normal ele ficar com uma mágoa. Peço desculpa. Foi uma atitude imprudente. Nunca mais o vi, mas gostaria que ele soubesse que não foi minha intenção”, disse o mineiro, hoje com 25 anos.

Héracles, no entanto, garante que tudo ficou no passado.

“Eu o perdoei logo em seguida. Infelizmente, quem está no futebol está sujeito a isso. Mas achei totalmente imprudente. Foi um lance no meio do campo, com o jogo definido. Mas de qualquer forma perdoei. Ele até se ofereceu para ir ao hospital, mas minha família estava lá e achei melhor não encontrá-lo. Mas hoje, tranquilo, desejo tudo de melhor a ele”, confirmou o ex-atleticano, que ainda sonha em trabalhar com futebol.

Sem atuar desde julho de 2017, sua renda mensal vem da loja de roupas montada pela esposa, do dinheiro que guardou durante a carreira e investimentos.

“Vamos ver se aparece uma oportunidade. Adoraria trabalhar no Ceará ou Fortaleza. Estou no futebol desde os 13 anos e estou aberto a novas oportunidades”, completou.

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