Torcedor assumido do Atlético, o curitibano Adílson Batista entra rota de colisão com o Furacão neste sábado (6), na Arena da Baixada, pela 28ª rodada do Brasileirão.
Contratado pelo América-MG em 24 de julho – a dois dias de completar três anos sem comandar uma equipe de futebol –, o treinador enfrenta o clube do coração revigorado por uma campanha de recuperação no Coelho e, por consequência, também na carreira.
MATEMÁTICA Brasileirão: contas para título, Libertadores e rebaixamento
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Desde que assumiu o time mineiro na zona de rebaixamento, Pezão soma 46% de aproveitamento. Foram quatro vitórias, seis empates e três derrotas em 13 rodadas. Hoje, o América ocupa a 13ª colocação, apenas um ponto atrás do próprio Rubro-Negro.
O trabalho, no entanto, não impede Adílson de continuar frequentando a Baixada e torcendo, nas horas vagas, pelo time do técnico Tiago Nunes. Mas a paixão certamente não entra em campo no sábado.
“Existe respeito, carinho, consideração, sou sócio. Mas estou trabalhando no América, tenho meus objetivos aqui dentro e vou pra lá para tentar vencer o jogo”, ressaltou o técnico, em entrevista à Gazeta do Povo.
Leia a entrevista
Como foi o período em que você não trabalhou como treinador? Seu último clube havia sido o Joinville, em 2015.
Tem o lado bom de você se dedicar aos estudos, buscar conhecimento, se aprimorar, rever conceitos, trabalhar outras coisas que você precisa melhorar, como gestão... Enfim, tem o lado bom. Evidente que pela vontade de trabalhar, dando treinamentos, estar nos jogos, fiquei triste de não ter acertado com outros clubes. Tive cinco propostas que não foram concretizadas. E aí aceitei o convite [do América-MG] e estou muito feliz aqui.
Quais foram os cursos?
Fiz a licença A, a licença PRO, isso pela CBF Academy. Fiz também vários cursos na Universidade do Futebol, até de gestão. Fiz outro lá na Universidade de Viçosa, fui estudar com o Israel [Teoldo da Costa, Doutor e Educação Física].Aí estive três anos na Florida Cup, fui para a Inglaterra, Paraguai, Uruguai e Argentina acompanhar jogos, troquei informações com alguns treinadores, ex-atletas. Então a gente não para. Lá no próprio curso da CBF tem vários ex-atletas de carreira maravilhosa na Europa. Você senta, discute, conversa como Edmílson, que puxa tudo do Barcelona, o Roque Júnior metodologia da Itália, do Milan. Tava lá o Deivid do Fenerbahçe, você pega com outro que jogou na França como é que trabalha... Estavam lá o Dida, Taffarel, Ricardinho, Micale, Enderson Moreira, Carille, Toninho Cerezo, Silas... Tem muita gente boa que está buscando conhecimento. Enfim, é muito gostosa essa troca. Vejo uma geração muito preparada. Vejo ainda, para o bem do futebol brasileiro, a CBF tentando ajudar e dando condições para preparar esses jovens treinadores. Acho muito válido.
O quanto você acredita que melhorou por causa dessa base teórica?
Eu gostaria de ter feito tudo isso antes de iniciar [a carreira]. Evidentemente que pela experiência, por ter trabalhado com ótimos treinadores, por ter buscado conhecimento também antes, por estar sempre perguntando... Eu tive a contribuição do Levir [Culpi], do Felipe [Scolari], do seu Ênio [Andrade], do Ivo [Wortmann], Carpegiani, Vadão, Oswaldo de Oliveira, Nelsinho Baptista. Esse pessoal me ajudou no meu início. Foram muito importantes, como os meus treinadores, o próprio Paulo Autuori.
Aí você vai e acompanha os jogos, está vendo o trabalho, é sempre interessante. Eu acompanhei um pouco dos jogos do Fernando Diniz, depois assisti jogos com o próprio Tiago [Nunes], os meninos no campeonato [Paranaense]. Então vocês está vendo o trabalho. A gente não deixou de trabalhar. Confesso que vou para a Argentina e trago uma mochila de livros [sobre futebol].
Você teve contato com o Tiago Nunes, que representa essa nova geração de treinadores?
Conheci. Até falei com ele no curso, fui dar uma palestra na CBF e encontrei o Tiago como aluno. E dei os parabéns, falei que eu estive na decisão [do Paranaense] e me coloquei no lugar dos meninos quando foram campeões. Fiquei emocionado, aplaudi os meninos. Relembrei quando fomos campeões do Torneio Início, campeões paranaenses... Tiago é um ótimo profissional, capacitado, competente. Está fazendo um belíssimo trabalho. Já está vacinado, já é macaco velho.
Espera alguma surpresa dele na partida de sábado?
Dentro daquilo que ele vem fazendo. A gente tem acompanhado, ele tem mantido um padrão, uma linha de trabalho. Teve dificuldades com a sequência muito pesada, mas hoje já equilibrou e vem numa crescente.
Você citou um lado positivo da CBF, mas no último fim de semana tivemos vários erros de arbitragem no Brasileirão, inclusive um pênalti irregular contra o Atlético. O que fazer pra resolver esses problemas?
Temos que ajudar os árbitros. Todo mundo é profissional, o árbitro também deveria ser. Um Corinthians, um Flamengo, arrecadam R$ 600 milhões e quanto recebe o quadro de arbitragem? Onde está a preparação? Aí o cara tem de trabalhar no banco, na oficina, no Uber... Ele tem que trabalhar. Aí como vai se preparar, cadê a parte tática, a parte física? Vou te dar um exemplo. Certa vez encontrei o Roberto Braatz quando ele estava na ativa. Ele fazia um jogo no domingo, na terça estava bandeirando no Uruguai. Na quinta estava em outro jogo e no domingo de novo. Esse cara vai errar. Cadê o tempo de preparação dele? E estou falando de um baita profissional.
Esse mesmo árbitro do Santos x Atlético-PR [Caio Max Augusto Vieira] nos prejudicou no jogo contra o Botafogo, no Engenhão. O Jean cometeu uma falta, já tinha cartão amarelo e deveria sido expulso. O árbitro não fez nada, nem cartão. Depois o Botafogo fez a substituição do jogador rapidinho. Era o primeiro jogo do árbitro na Série A, pra você ter uma ideia.
O que achou do lance?
Não era para pênalti, né? Aí entra o coração atleticano [risos].
E no seu caso como é enfrentar o Atlético?
Existe respeito, carinho, consideração, sou sócio. Mas estou trabalhando no América, tenho meus objetivos aqui dentro e vou pra lá para tentar vencer o jogo. Precisamos dos pontos para tentar permanecer na Série A. É um jogo muito importante pra mim.
Suas fotos sempre viralizam no WhatsApp toda vez que vai à Baixada...
Isso. Eu até estava lá no domingo [23/9], contra o Paraná.
E como faz para dividir o tempo do Adílson torcedor com o do Adílson técnico?
Eu sei separar bem isso. Já enfrentei o Atlético outras vezes. Fiz três gols de pênalti no Atlético de quatro batidos. Acho que a gente tem de ser profissional. Quando não estou trabalhando, vou lá e torço pelo meu clube. Incentivo, ajudo, apoio. Tenho três cadeiras, pago e contribuo para o crescimento do clube.
O que deu errado na sua passagem em 2011, quando se demitiu após 14 jogos? Qual a autocrítica daquele trabalho?
Na ocasião eu assumi vindo do Estadual, teve uma reformulação, infelizmente não conseguimos os resultados no início do Campeonato Brasileiro. O clube vivia um processo político, que atrapalha quando você está trabalhando. É algo que você tem que observar também quando vai acertar um contrato. Fui com o intuito de ajudar, mas fiquei no meio do tiro da questão política. Acabou atrapalhando o rendimento coletivo, uma série de coisas que envolvem o futebol... Hoje eu não aceitaria sabendo que tem eleição. Tive essa experiência no Vasco também, foi difícil. Foram três durante o ano e pedi para sair também.
Se depender de você, retorna ao Atlético algum dia?
Volto um dia, nem que seja para treinar o time júnior. Eu gostaria de contribuir trabalhando na base. Quando pensar em parar, posso dedicar um ano para ensinar os meninos.
Em Minas, você já jogou por Cruzeiro e Atlético, além de ter treinado a Raposa. Como tem sido a experiência no Coelho?
Primeiro, fiquei muito feliz com o convite, que veio do Ricardo Drubscky e do presidente Marcus Salum. Há alguns anos eles haviam tentado me contratar. Estou há mais de dois meses aqui, percebo uma estrutura boa, um clube saudável, em que todos os departamentos funcionam. Estou contente com o trabalho no dia a dia para que a gente consiga o objetivo desse ano. É se dedicar para conseguir.
Você chegou com o time na zona de rebaixamento e conseguiu resultados rápidos – 46% de aproveitamento até aqui. Isso te surpreendeu?
Não me surpreendo. Sei do grau de dificuldade dos campeonatos, dos jogos. O segundo turno sempre foi bem mais complicado do que o primeiro, isso é histórico. Com o passar do tempo você conhece mais os atletas e tem mais embasamento para fazer algumas definições. Tive dificuldades com relação às escalações, foram 13 formações diferentes [em 13 jogos] em função de lesões e cartões. Isso acaba atrapalhando o coletivo, o rendimento, o entrosamento, mas mesmo assim temos evoluído. Agora temos mais 11 decisões para cumprir o nosso objetivo. E é possível.
Quando você começou, foi tratado como uma aposta do Felipão. Acha que o 7 a 1 respingou em você?
Acho que não. Quem nunca sofreu 7 a 1 na vida, né? A perda de um ente querido, um jogo, um título. Todo mundo já sofreu. Ao Felipão sou grato porque tivemos uma experiência maravilhosa, vencedora. É um profissional multicampeão por todo lugar que passou. Um grande comandante, líder, exemplo, profissional extremamente sério, dedicado. Sou grato ao Felipe, ao seu Ênio Andrade, ao Nelsinho Baptista, o Levir foi importante pra mim. Se acham que respingou, da minha parte não.
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