Entrevista
Enio Fornea, vice-presidente e diretor de obras do Atlético
Mesmo com a assinatura da Matriz de Responsabilidades, em janeiro, o Atlético considera que não é obrigado a bancar sozinho a obra da Arena.
O clube se compromete a arrumar 30% do valor total que será empregado no estádio, mas joga para o poder público o responsabilidade do restante. Segundo Enio Fornea, responsável atleticano pela conclusão da praça de esportes, o Furacão vai concluir a Arena com ou sem Copa do Mundo.
Curitiba foi confirmada oficialmente como sede da Copa do Mundo de 2014 em 31 de maio do ano passado. De lá para cá, um impasse entre o Atlético, a prefeitura e o governo do estado impede que se saiba quem vai bancar a obra de conclusão da Arena. O clube avisa que só bancará 30% do total necessário para terminar o estádio.Há nove meses a conversa é nesse ritmo. O clube não admite se endividar ou bancar sozinho a adequação de sua casa para o Mundial de 2014. Curitiba e o Paraná montaram comissões especiais e fizeram mobilização política, mas também não trouxeram a resposta de quem vai viabilizar a obra.No dia 13 de janeiro, no Ministério do Esporte, em Brasília, os envolvidos assumiram o compromisso de cumprir prazos e participar das etapas de preparação das praças esportivas e das cidades indicadas. Mesmo assim, a dúvida sobre a viabilização da obra prossegue.
O Atlético, apesar da Matriz de Responsabilidades, não admite bancar mais do que o montante que seria gasto para o término do estádio sem a Copa ou seja, pouco menos de 1/3 do estimado. Já a prefeitura e o governo estadual asseguram que a responsabilidade do local das partidas é apenas do clube proprietário."Isso já está superado. O estádio é responsabilidade do Atlético, que vai levantar o dinheiro", afirma o gestor de Curitiba para a Copa 2014, Luiz de Carvalho. "Nós temos de ajudar o clube a encontrar os investidores. Mas o estádio sempre foi responsabilidade do Atlético que também está correndo atrás", reforça o vice-governador Orlando Pessuti, presidente do comitê paranaense para assuntos da Copa de 2014.
Os integrantes do poder público admitem apenas investir dinheiro estatal no entorno da Arena, nas demais áreas de acesso pela cidade e na parte de infraestrutura. Segundo a prefeitura, há um orçamento de R$ 250 milhões visando as melhorias para a Copa. Já o governo fala em R$ 600 milhões com a ajuda do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal).
"Não temos autorização para colocar dinheiro público em um estádio privado", avisa Pessuti. "É necessária uma energia maior do poder público", cobra o vice-presidente do Atlético, Enio Fornea.
Apesar das discordâncias, Curitiba, pelo menos, está cumprindo o primeiro prazo estipulado pela Fifa quanto aos estádios. A entidade máxima do futebol manda que até amanhã (1.º de março) tenham início as obras.
"Além de o Atlético já ter inaugurado parte do novo setor de arquibancadas no ano passado, nossos técnicos já estão trabalhando há muito tempo. As obras já começaram e esse também é o entendimento da Fifa", diz Carvalho, prevendo para junho ou julho a presença dos primeiros operários trabalhando na casa atleticana. "Pelo que estou acompanhando, devemos ser um dos primeiros a entregar a obra para a Fifa. Só Porto Alegre está em estágio parecido", confia Pessuti, sabendo que o prazo final para a entrega dos estádios é dezembro de 2012, quando serão definidas as praças que receberão a Copa das Confederações de 2013.
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