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A comparação é inevitável. Se tornou impossível não perceber as coincidências entre o Coritiba rebaixado no ano passado e o atual Atlético. Muitos erros em comum que podem levar o Furacão – que folga na rodada – à zona de rebaixamento, dependendo dos resultados de Santa Cruz e Botafogo nas partidas de hoje.

Como alento, o fato de o sinal de alerta ter sido acionado mais cedo, antes do fim do primeiro turno. Diferentemente do rival, que só passou a freqüentar a faixa de risco nas últimas rodadas, e não conseguiu mais sair. O Rubro-Negro terá mais tempo para repensar e corrigir o caminho antes de a situação se tornar irreversível. Confira os sete erros capitais do Furacão até aqui na temporada.

Poder centralizado

O presidente do Conselho Deliberativo, Mário Celso Petraglia, é no fim das contas o principal responsável pelo futebol atleticano – como era Giovani Gionédis em 2005 no rival. O problema é que, com as outras atribuições da função, muitas vezes o cartola não tem tempo de se dedicar à equipe o quanto seria necessário, deixando um vazio entre o comando e o dia-a-dia no CT. O clube começou o ano com Antonio Carlos Gomes, Borba Filho e Antonio Carleto ligados ao time. Depois veio Marcos Moura Teixeira para se reportar diretamente à presidência, mas uma de suas primeiras declarações revelou que não teria carta branca: "Apenas a diretoria pode falar sobre isso", disse, sobre o caso Dagoberto. Os dirigentes, como de praxe, não falaram nada na ocasião.

Dança da prancheta

As principais falhas de 2006 foram na hora de escolher o treinador. No importante estágio embrionário sequer houve um técnico. O auxiliar Vinícius Eutrópio assumiu enquanto se esperava por Lothar Matthäus. Pouco identificado com a realidade brasileira, o alemão foi embora sem dar explicações. A diretoria trouxe então o pernambucano Givanildo Oliveira, apesar de brasileiro, tão fora de seu habitat quanto o antecessor. Somente em julho a aposta passou a ser o velho conhecido Vadão. O Coxa começou com o criticado Antônio Lopes, passou ao emergente Cuca, tentou com o auxiliar Lopes Júnior e terminou com o velho conhecido Márcio Araújo.

Hora errada

Como se não bastasse a rotatividade, apostas e trocas foram feitas fora de tempo. Matthäus, muito mais útil para o departamento de marketing do que para o de futebol, chegou com a regalia de ser liberado para compromissos particulares. Givanildo disse que tinha vindo "na hora errada e no momento errado", mas só saiu depois da Copa. Ou seja, o clube perdeu a chance de iniciar um novo trabalho no recesso para o Mundial. No fim do ano passado, Gionédis admitiu que deveria ter feito quase tudo ao contrário no Coxa: mantido Lopes, demitido antes Cuca e esquecido Lopes Júnior.

Contratações

Os erros estão evidentes, principalmente no ataque, mesmo setor em que se notabilizaram os pangarés alviverdes. Chegaram Willian, Rodrigão, Herrera, Neto Baiano e Marcos Aurélio, mas nenhum emplacou – o artilheiro no Brasileiro é o ex-júnior Pedro Oldoni, afastado momentaneamente para trabalhar fundamentos. Para completar, com a equipe precisando ser reforçada em vários setores, foi contratado o goleiro Navarro Montoya para disputar a reserva de Cléber.

Craque problema

O Coritiba confiava no meia Marquinhos para dar qualidade ao setor ofensivo, mas uma seqüência de contusões atrapalhou os planos. O Atlético aposta no atacante Dagoberto, também perseguido por lesões, ainda com o agravante de estar em meio a uma disputa judicial com o clube. "Seria mentiroso se dissesse que isso não influencia na hora dos jogos", admitiu o jogador.

Ex-caldeirão

No fim das contas, o Coxa caiu porque perdeu muitos pontos bobos em casa. O Atlético pode seguir o mesmo caminho se não der um jeito de fazer valer novamente o poder da Arena. Até agora foram três vitórias, três derrotas e um empate no Caldeirão, que antes metia medo nos adversários.

Desculpas

"Jogamos bem, mas não conseguimos ganhar." A frase foi ouvida inúmeras vezes em 2005 no Alto da Glória. Preocupantemente, começa a ser pronunciada pelos jogadores atleticanos muito mais vezes do que a torcida gostaria.

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