• Carregando...

O presidente do Conselho Gestor do Atlético, João Augusto Fleury, jogou no ar a possibilidade de o atacante Dagoberto, incentivado por seus procuradores, estar enrolando para não prorrogar seu contrato com o clube antes de julho – quando o compromisso entra no último dos cinco anos e a multa rescisória para transferências nacionais cai para 20% do valor original.

Ao saber que o jogador, em processo de recuperação física, deu entrevistas dizendo estar com vontade de voltar a atuar em alto nível pelo clube, Fleury reagiu de modo irônico. "Ele quer jogar? A impressão que temos na verdade é de que ele não quer jogar no Atlético. É apenas um expediente que usa, orientado por terceiros, para prolongar a situação", atirou.

Segundo o dirigente, existe uma proposta permanente para prorrogação do contrato, nos mesmos termos do atual, por um ano – período equivalente ao que Dagoberto ficou inativo por causa de uma séria lesão de joelho e depois um estiramento muscular, entre outubro de 2004 e outubro de 2005. "Mas ele não está querendo conversar. Ao mesmo tempo parece que não quer alcançar o condicionamento físico ideal. Inclusive não se reapresentou na data marcada", disse Fleury, apontando sua interpretação do caso: "Interesses financeiros motivam todo esse episódio."

O temor no clube é de que, caso não haja a prorrogação até julho, a baixa multa rescisória (cerca de R$ 6 milhões) seja bancada por um clube nacional, que depois venderia o atacante por um valor bem mais alto para um comprador europeu. Para times do exterior, o preço para ter Dagoberto não muda no último ano do acordo. Continua sendo de US$ 25 milhões (R$ 58 milhões).

Ao saber das declarações de Fleury, o empresário Naor Malaquias, da Massa Sports, que gerencia a carreira do jogador, contra-atacou, munido de documentos (como o contrato de Dagoberto), recortes de jornais e argumentos próprios para dar sua versão.

"Sempre influenciamos nossos jogadores a fazer o melhor por seus clubes. Podem perguntar para qualquer um ou o próprio Dagoberto. Ele ficou irritadíssimo quando soube do assunto por uma panfletagem (um jornal distribuído pelo Esquadrão da Torcida Atleticana – ETA –, quarta-feira, na Arena). Aliás, agora estamos percebendo que a diretoria está se escondendo atrás dessa torcida organizada para pressionar o jogador", rebateu Malaquias, que vê o ETA como um laranja da diretoria atleticana no caso.

O principal argumento da Massa Sports é o sonho de Dagoberto aproveitar a vaga aberta na seleção brasileira para a Copa do Mundo após a contusão de Ricardo Oliveira. "Para conseguir isso só existe um meio: jogar bola, e tem de jogar muito. A torcida atleticana pode ficar tranqüila porque, se ele quer ir à Copa, claro que vai fazer o melhor pelo clube", afirmou.

O empresário também explicou porque o jogador não quer conversar sobre a prorrogação do contrato no momento. "Ele só vai fazer isso quando tiver voltado a atuar", informou. "Não se vende carro batido. Se você tem uma Mercedes e raspa na saída da garagem, vai querer arrumá-la antes de vender. Se não, aquele risquinho pode desvalorizar todo o carro", comparou.

O procurador alegou ainda que o atual salário é muito baixo para um atacante do nível de Dagoberto e citou a preocupação de que o jogador seja negociado com algum país de menor expressão no cenário internacional, como os meias Jadson e Fernandinho, vendidos para o Shaktar Donetsk, da Ucrânia.

Do outro lado, Fleury recorre ao alto investimento feito pelo clube na recuperação do atleta para justificar a intenção de fazer uma simples prorrogação do contrato por um ano. "O Atlético já deu inúmeros sinais de boa vontade, bancando dezenas de milhares de dólares no tratamento, com um dos médicos mais caros do mundo, além de passagens internacionais de primeira classe e hotéis cinco estrelas nos Estados Unidos para ele e seus acompanhantes".

Para Malaquias, o tratamento era obrigação do clube. "Nada mais justo. O Dagoberto se machucou defendendo a camisa rubro-negra. E está até hoje chateado por todo o tempo que ficou sem jogar", respondeu.

Apesar da troca de farpas, sabendo que em algum momento terão de se sentar na mesma mesa para decidir o futuro de Dagoberto, presidente e empresário dizem estar abertos ao diálogo. "Temos o dever de conversar com ele e dar uma satisfação para nossos torcedores", falou Fleury. "Nossa função é exatamente cuidar desses problemas extra-campo para o atleta se preocupar apenas em jogar", declarou Malaquias.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]