Cenário nacional
Unânime no estado, acesso livre ao estádio é raro pelo Brasil
Modelo utilizado por Atlético, Coritiba e Paraná, o sócio-torcedor com direito a acesso livre aos jogos é raridade no cenário nacional. Os principais clubes do país têm planos que dão descontos progressivos aos torcedores.
Nos dois primeiros jogos no Allianz Parque, somente os palmeirenses com mais de 80% de frequência nas partidas de 2014 entraram no estádio de graça. Quem não teve a mesma assiduidade recebeu desconto com base na milhagem acumulada. Com este modelo, o Palmeiras já superou a marca de 70 mil sócios, carta que permite os elevados investimentos no time.
Outro caso de sucesso é o Cruzeiro. Até 2012 o clube tinha 7 mil sócios em dia. Impulsionado pelo bicampeonato brasileiro, chegou a 67 mil. Um marco neste salto foi a contratação de Júlio Baptista, em 2013, bancada pelos sócios também sem acesso gratuito ao Mineirão.
"O Inter começou com esse modelo [sócio não pagar ingresso] e teve de parar, porque o time estava bem e foi campeão da Libertadores. Mesma coisa com o Corinthians. Os clubes do eixo tem uma exposição, torcedores pelo país todo e no Paraná é diferente", analisa o jornalista Erich Beting, editor do site Máquina do Esporte.
"Não diria que o modelo dos paranaenses é defasado, mas é preciso repensar. A unificação do Paraná, por exemplo, melhora pois frequenta o dia a dia e tem uma boa vantagem. O segredo, caso siga o modelo de ceder acesso ao estádio, é aumentar a rede de vantagens e parcerias para o torcedor ver que vale a pena independente do desempenho em campo", diz.
Sócio, mas não eleitor
Ser sócio-torcedor dos clubes paranaenses não é, necessariamente, sinônimo de participar da vida política do clube. Somente a partir de uma determinada categoria o associado tem direito a voto. No Rio Branco, por exemplo, somente os sócios prata e ouro podem participar das eleições. Times como Cascavel, Foz e J. Malucelli também oferecem apenas acesso à arquibancada e, no caso dos times do interior, benefícios em produtos e serviços de parceiros.
Caminho (quase) único para ver jogos do trio de ferro por um preço razoável, os programas de sócio-torcedor estão pegando também entre os times do interior. Das oito equipes de fora de Curitiba inscritas no Paranaense-2015, seis desenvolveram planos adaptados à sua realidade. Quem tem calendário anual, cobra mensalidade. Se a agenda está garantida até o fim do Estadual, a saída é lançar pacotes de ingresso parcelados. Tudo com o mesmo objetivo: atrair um público fiel para a arquibancada e aumentar receita.
Estreante na elite estadual, o FC Cascavel traçou uma estratégia nada modesta. São quatro planos, que variam de R$ 150 a R$ 2,5 mil e dão a garantia de apenas cinco jogos em casa.
"O valor do ingresso avulso é R$ 40,00. Se o torcedor associar, fica praticamente a metade do preço e ainda tem inúmeras vantagens, como ganhar a camisa oficial logo na adesão. O Cascavel é um time que não tem verba e o custo é altíssimo para disputar o torneio", explica Thiago Heitor Presser, diretor da OK Ingressos, que também gerencia os planos de Maringá e Foz.
A OK determina os planos e faz projeções com base em estudo de bilheteria. No caso do Cascavel, a meta é chegar a mil sócios. Hoje, são 150. Número razoável se comparado ao do atual campeão paranaense.
Integrante do Movimento Futebol por um Mundo Melhor, encabeçado pela cervejaria Ambev, o Londrina tem 307 sócios. É o 42.º clube em um universo de 57 participantes de todo o país.
A ideia é alavancar o número na atual temporada. Além da defesa do título paranaense, o LEC tem para 2015 a disputa da Série C do Brasileiro. Também conta com o plano mais barato do Estadual: R$ 15, na categoria mais básica, o Sócio Tubarão Bronze, com acesso a todos os jogos como mandante.
Rio Branco e Operário também fazem parte do programa da Ambev. Aderiram no fim de 2014.
Confirmado na primeira divisão em novembro, com a desistência do Arapongas, o Foz do Iguaçu correu para também ter seu plano de associação. Serão cerca de dez dias entre o lançamento dos pacotes e a primeira partida no Estádio do ABC, dia 8 de fevereiro, contra o Nacional de Rolândia.
"Acredito que a gente tenha isso tudo disponível na quarta-feira. Ficou tudo muito em cima e tivemos de nos adaptar. Por ser novidade, a cidade vai nos apoiar", confia Roberto Mafra, gerente de marketing. Os planos vão de R$ 350 a R$ 1 mil.
Prudentópolis e Nacional de Rolândia serão os únicos clubes sem sócio-torcedor. Preferem apostar na venda avulsa tradicional. Relação direta com o fato de serem das duas cidades de menor população com time no Estadual: 49 mil e 57 mil, respectivamente.
"Estamos estudando, nada certo. Acredito que não façamos por ser cidade pequena, não é vantajoso para nós", argumentou José Danilson, presidente do Nacional.
Fantasma segue política do Atlético
O Estádio Germano Krüger terá um pouco de Arena da Baixada em 2015. Mil cadeiras do Caldeirão antes da reforma para a Copa do Mundo de 2014 foram instaladas. Serão usadas pelos sócios-torcedores do Operário, maneira mais barata de seguir o Fantasma na temporada. A exemplo do Atlético, a quem pagou R$ 50 mil pelas cadeiras, o time de Ponta Grossa subiu o preço do ingresso avulso para estimular as associações.
"Instalamos mil cadeiras padrão Fifa, catracas eletrônicas, novos banheiros, bares, acessos e estacionamento. E jogamos o preço do ingresso lá em cima. Nosso ingresso avulso é super-caro , mas a ideia é mudar a mentalidade do torcedor, para ele se tornar sócio", afirma Antonio Mikulis, ex-presidente e atual diretor de futebol do Operário. "Não adianta o sujeito se declarar torcedor apaixonado. É preciso colocar dinheiro no clube", finalizou, em um discurso que poderia ter saído da boca de Mario Celso Petraglia.
O ingresso super-caro citado por Mikulis é de R$ 80 R$ 40 a meia-entrada. Ano passado, estes eram os valores das cadeiras do Germano Krüger. A arquibancada era comercializada a R$ 30.
A nova política está dando certo. O plano de sócios do Operário já tem 400 membros. A meta é começar o Paranaense com pelo menos 2 mil.
Inspiração do programa do Operário, o Atlético foi o pioneiro no estado. Implementou o Sócio-Furacão em 2004, sempre com a política de apostar em um ingresso avulso caro para estimular as associações. Hoje, as mensalidades variam de R$ 100 a R$ 800. Com essa tabela o Furacão já percorreu mais da metade do caminho para chegar à meta de 40 mil sócios.
O Coritiba chegou a 32 mil sócios na época da final da Copa do Brasil de 2012, mas ano passado teve uma média inferior a 10 mil associados no estádio por jogo. Na campanha, a diretoria eleita prometeu rever a política de ingressos.
O Paraná unificou seus planos de sócios no fim do ano passado. Somente após o término do período de migração, no meio de fevereiro, o clube terá um número fechado de adesões. No modelo anterior, o sócio-torcedor teve seu pico no Tricolor em 2013, com 9 mil membros.
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