UTI
O plano emergencial para concluir a Arena e manter Curitiba na Copa se baseia em três pontos:
Gestão
Um comitê com um representante do Atlético, um da prefeitura de Curitiba e outro do governo estadual será formado para conduzir o plano de emergência da obra da Arena. Este grupo, que deve ser formado até sexta-feira, receberá assessoria técnica de engenheiros indicados pelas três partes. Os engenheiros estarão direto na obra, elaborando relatórios diários para o Comitê Organizador Local (COL), no Rio de Janeiro.
Operários
O Comitê vai verificar quantos dos 1.084 operários contratados estão efetivamente trabalhando na obra. A partir daí, será definido um aumento de 50% a 70% na força de trabalho. A previsão é de que o novo contingente esteja no canteiro dentro de dez dias, cobrindo dois turnos. Nos dias em que for possível, haverá terceiro turno.
Financiamento
O Atlético está finalizando uma revisão no orçamento da obra, que será auditado pela Pricewatterhowse&Coopers. Após a auditoria será fechada a conta do estádio. O que estiver acima dos atuais R$ 265,4 milhões será pago pelo clube, mas governo e prefeitura se comprometem a auxiliar com linhas de crédito (no caso do estado, via Fomento Paraná) ou na obtenção de garantias (contatos com empresas que possam patrocinar o Rubro-Negro).
Curitiba tem quatro semanas para provar que é capaz de entregar um estádio para a Copa de 2014. O prazo de 18 de fevereiro foi anunciado ontem pelo secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, junto com um plano emergencial para a conclusão da Arena da Baixada. São três pontos principais: criação de um comitê gestor da obra, aumento do número de operários no canteiro e realização de uma auditoria no orçamento.
"O que dizer? A questão é delicada. Sejamos francos e diretos. A situação atual do estádio não é do nosso agrado. Não apenas está muito atrasado, mas foge a qualquer bom cronograma de entrega para a Fifa a tempo de uso na Copa", disse Valcke, abrindo a entrevista coletiva que encerrou sua visita de pouco menos de cinco horas à cidade.
Valcke não determinou o que a Fifa espera ver pronto dentro de quatro semanas. Disse que isso é trabalho de engenheiros. Os organizadores da Copa em Curitiba imaginam que se estiverem concluídos a colocação do gramado, a cobertura, a iluminação, o vestiário e pelos menos 10 mil assentos, a cidade será mantida entre as subsedes.
A data não é aleatória. No dia 18 de fevereiro começa um workshop das 32 seleções da Copa, em Florianópolis. Após o evento, com três dias de duração, os treinadores saem em viagem pelo país para visitar os estádios em que suas equipes jogarão.
"Não estamos dizendo que tem de estar pronto em 18 de fevereiro. O que queremos é ver um progresso que nos permita saber onde vamos chegar. Hoje, o nível de preparação é um perigo para a realização de qualquer jogo. Estamos fazendo uma aposta. Tirar uma cidade não é tão fácil assim", explicou o dirigente da Fifa.
O ultimato desencadeou uma corrida para que as medidas sejam implementadas. Até sexta-feira deve estar formada a comissão com um integrante da prefeitura de Curitiba, um do governo do estado e outro do Atlético. Este grupo terá assessoramento técnico de engenheiros, que produzirão relatórios diários e manterão contato permanente com o Comitê Organizador Local.
"Governo e prefeitura não estavam na mesa que definia as prioridades. Esse grupo tripartite terá plenos poderes", afirmou o coordenador-geral de Copa no Paraná, Mario Celso Cunha.
A primeira missão do comitê será aumentar o volume de operários na obra, recomendação feita pela Fifa na semana passada. Atualmente, são 1.084, um número irreal, segundo Cunha. O grupo levantará quantos efetivamente estão em atividade e definirá um incremento de 50% a 70%.
O terceiro ponto é o ajuste financeiro da obra. O Atlético está revisando o orçamento, mas não conseguiu concluir a verificação a tempo de apresentar à Fifa. O relatório será auditado pela Pricewatterhouse&Coopers antes de ir para as mãos do comitê gestor. Com a necessidade de aumentar mão de obra, município e estado já contam com uma fatura maior do que os atuais R$ 265,4 milhões. Ambos descartam injeção direta de dinheiro público e dizem que os adicionais serão pagos pelo Atlético, conforme dito em agosto do ano passado pelo presidente do clube, Mario Celso Petraglia.
"O que pode acontecer é financiamento pela Fomento, BNDES, desde que com a apresentação das garantias devidas. Não é falta de boa vontade. É condição legal, não pode", afirmou Cunha. "Não haverá qualquer situação de repasse de dinheiro público, mas prefeitura e estado possuem meios de auxiliar na obtenção de garantias", reforçou o secretário municipal de Copa, Reginaldo Cordeiro.
Ontem, a Fomento Paraná liberou os R$ 39 milhões que faltavam do terceiro financiamento tomado pelo Atlético junto à agência. O clube deu como garantia recebíveis dos direitos de transmissão.
O Rubro-Negro foi o único envolvido no projeto sem ninguém na coletiva, deixando em aberto questões sobre o ritmo lento das obras. "Melhor perguntar isso ao clube", esquivou-se o secretário-executivo do Ministério do Esporte, Luís Fernandes. Perguntado sobre por que Petraglia não estava ali para prestar esclarecimentos, Valcke foi irônico: "Melhor perguntar a ele, não a mim".
Até o fechamento desta edição, o Atlético não se manifestou sobre as mudanças na gestão da obra e a ausência na coletiva. Por e-mail, a assessoria de imprensa informou que o clube não atende a Gazeta do Povo.
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