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As 4 mudanças

Conheça os principais pontos que serão debatidos em relação à polêmica Lei Pelé

1 Como é: a atuação dos empresários, agentes e procuradores de atletas não tem restrições mais rígidas. Como foi aprovado na Câmara: determina a nulidade de contrato entre agentes e atletas que resultem em vínculo desportivo, que estabeleçam obrigações consideradas abusivas ou desproporcionais, que atrelem as receitas dos clubes decorrentes de transações ou que controlem a vida desportiva de atletas menores de 18 anos. Como ficará no Senado: a alteração deve ser mantida.

2 Como é: os procuradores do Superior Tribunal de Justiça Desportiva são indicados pelo Pleno da entidade. Como foi aprovado na Câmara: quem indicará os procuradores do STJD será a Confederação Brasileira de Futebol. Como ficará no Senado: indefinido.

3 Como é: não existia. Como foi aprovado na Câmara: torna possível que todo ex-atleta que tenha exercido a profissão durante 3 anos consecutivos, ou 5 anos alternados, seja considerado monitor na sua modalidade desportiva. Como ficará no Senado: deverá ser excluído.

4 Como é: Clubes formadores só podem fazer contrato profissional com um atleta de 16 anos por um período de cinco anos. Após isso, tem preferência de renovação por mais dois, mas nenhuma garantia de que isso possa realmente ocorrer. Também não há proteção ao clube formador antes do primeiro contrato. Como foi aprovado na Câmara: o primeiro contrato ainda é feito com 16 anos, por cinco anos, mas só poderá ser feito pelo atleta com o clube formador. Caso o garoto não assine, o clube pode cobrar cem vezes o valor relativo ao que gastou com a formação. A preferência de renovação foi mantida, e poderá ser feita por um período de 3 anos. Se neste momento o atleta acertar com um terceiro, o formador terá direito a uma multa no valor de 200 vezes do salário proposto. Além disso, também em transações nacionais, o formador terá direito a 5% do negócio. Como ficará no Senado: A idade do primeiro contrato profissional poderá diminuir para os 14 anos. Sendo assim, a participação do clube formador em futuras negociações nacionais seria aumentada.

O fim dos empresários no futebol, uma maior proteção aos formadores de atletas, a responsabilidade administrativa nos clubes, mudanças na Jus­­tiça Desportiva... São apenas alguns dos pontos mais importantes que serão discutidos – e praticamente decididos – amanhã, a partir das 10 horas, no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR), em Curitiba.Em uma audiência pública que deverá contar com a presença do ministro do Esporte Orlando Silva, Zico, o presidente do Clube dos 13 Fábio Koff, e do senador Alvaro Dias, entre outros, de­­vem ser seladas as mu­­danças tão esperadas na Lei Pelé. Dois dias depois, em Bra­­sília, ocorrerá uma nova audiência, mas sem a mesma presença maciça das principais personagens que fazem, e controlam, o desporto brasileiro.

Na verdade, a reunião na capital do estado significa, principalmente, uma aceleração pedida pelo governo federal, que pretende sancionar a Lei do Desporto (5.186/05) até a metade do ano.

"O tema ficou em discussão durante quase 4 anos na Câmara. Os deputados realizaram várias audiências públicas e chegaram a várias alterações que agora chegaram ao Sena­­do. O governo tinha interesse de aprovar do jeito que veio, mas nós achamos que deveríamos discutir algumas coisas", afirma Alvaro Dias, senador paranaense e relator do projeto.

Baseado na Lei Pelé (9.615/98), a proposta dos deputados traz alterações em 31 artigos. Coisas ób­­vias, como transferir a fiscalização de recursos federais do extinto Indesp para o Ministério do Es­­porte. Ou acréscimos para fechar buraco, como a definição sobre direito de arena e direito de imagem. Misturam-se a mudanças esperadas e divergentes como, por exemplo, a possibilidade de um atleta que atuar por 3 anos seguidos se tornar "monitor" em seu esporte ou a formação do STJD ficar a cargo da CBF.

Sobre o primeiro caso, quem rebate é o presidente do Conselho Regional de Educação Física (Cref-PR), Antônio Eduardo Bran­­co. Ele viu o problema, que passava despercebido, e levantou a po­­lêmica: "É como se o garoto que vende jornal na rua, após três anos pudesse escrever como jornalista. Ou a minha mãe, que teve 10 filhos, por isso poder vi­­rar obstetra. Afinal, ela entende de parto, não entende? Isso é um absurdo".

Sobre o STJD, quem tentará reverter o que foi aprovado é o procurador-geral da entidade, Paulo Schmitt. "Qualquer tipo de concentração na entidade é um problema, pois isso pode mexer com a isenção do tribunal".

De certo é que as mudanças não devem passar de amanhã. Mas até isso ocorrer... "Será uma briga política brava", afirma Ricardo Go­­myde, assessor de Orlando Silva.

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