Imbituba, SC – Mick Fanning, incontestável. Do início ao fim. Só com um pouco de dificuldades nas oitavas, contra Tob Martin – e por pura falta de ondas. Quando as teve em quantidade, o australiano provou por que, depois de Kelly Slater, não há mais ninguém acima dele no ranking mundial.

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Na Praia da Vila, em uma final que parecia feita especialmente para Damien Hobgood conquistar o bicampeonato da etapa brasileira, Fanning nem deixou o americano surfar. Marcou logo duas notas acima de 9, a maior média do campeonato (18,77). Depois saiu carregado nos braços pela torcida brasileira. No bolso, US$ 30 mil, que dará para comprar um bom presente para a mãe Liz, de aniversário ontem.

"É muito bom fazer amigos num lugar e depois vencer", afirmou o campeão. "Agora quero me divertir. Passar um tempo com a família, mas ficar sóbrio em tempo para Pipeline (a última etapa do WCT, decisiva na disputa do segundo lugar)", completou Fanning logo após ganhar o seu segundo campeonato no WCT 2006. O primeiro foi na África do Sul.

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Esta foi a segunda final do surfista australiano no Brasil. Em 2003 ele perdeu para Kelly Slater. Sem a presença do octocampeão em Santa Catarina, utilizou a mesma estratégia de então: "Remar contra a maré". Enquanto todos apostavam nas esquerdas, Fanning foi pela direita.

"Tentei pegar duas ondas na esquerda de manhã e vi que ia ficar difícil, então lembrei de 2003", conta, sobre a estratégia vitoriosa.

Durante toda a competição, mesmo com a paralisação de cinco dias, Fanning nunca deixou de surfar. Ao contrário de Andy Irons ou mesmo Joel Parkinson, em nenhum dia trocou as ondas pelas festas. Treinava pela manhã, à tarde e muitas vezes no começo da noite. Dormia cedo e acordava antes de todos.

"Me senti bem durante toda a competição, mas procurei não adiantar as coisas. Resolvi bateria por bateria", diz.

O segundo lugar da temporada ainda dependerá de Pipeline, a última etapa de 2006. Taj Burrow, Andy Irons, Bobby Martinez e Joel Parkinson ainda têm chances de alcançar o australiano. Mas nas perguntas que foram feitas na coletiva, 2006 foi esquecido. E no ano que vem, o título é possível ou você precisará que Kelly Slater se aposente?

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"Não me importo muito com o Kelly. Esse ano enfrentei ele duas vezes e venci. A única pessoa com quem me importo mesmo é o Joel Parkinson. Talvez se ele sair aí sim eu ganhe", disse, numa clara ironia – um dia antes, Parkinson afirmara que só seria campeão caso Slater se aposentasse.

O jornalista viajou a convite da Associação dos Surfistas Profissionais.