Depois das denúncias de corrupção na arbitragem brasileira, o árbitro carioca Gutemberg de Paula Fonseca reforçou que tem provas que corroboram as acusações contra o presidente da Comissão Nacional de Arbitragem (Conaf), Sérgio Corrêa, e disse ainda que seu advogado está sendo alvo de intimidações.
"Ele recebeu cerca de dez telefonemas, de um número restrito. A conversa teve a intenção de coagir o trabalho. A pessoa pediu o endereço, falou que queria enviar uma notificação", disse Gutemberg, em entrevista à Rádio Paiquerê, de Londrina.
"Esse tipo de notificação teria de chegar ao meu endereço, não no endereço do meu advogado. Já pedimos a quebra de sigilo telefônico. A ligação pode ser de um número restrito, mas ele fica armazenado na operadora. Eles querem me calar, mas não vão", ameaçou o árbitro, que fez as acusações contra Sérgio Corrêa depois de ter sido retirado do quadro da Fifa em favor do também carioca Péricles Bassols, que havia perdido o direito ao escudo da entidade anteriormente justamente para ele.
Na semana passada, Gutemberg relatou que Sérgio Corrêa o teria pressionado antes de um jogo entre Corinthians e Goiás, pelo Campeonato Brasileiro de 2010. "Ele me disse antes do jogo em que o Corinthians ganhou por 5 a 1 do Goiás: 'É jogo do Timão hein?' O que eu posso entender com isso? Que se o Corinthians não ganha, eu posso nunca mais ser escalado", argumentou o árbitro.
A reportagem tenta contato com Sérgio Corrêa desde a última sexta-feira, quando foi feita a denúncia, mas ele não atende as ligações. O presidente da Conaf se pronunciou através de nota, divulgada no sábado pela CBF, antecipando que processaria judicialmente Gutemberg Fonseca nas esferas desportiva (ofensa moral), cível (responsabilidade civil para obtenção de reparo pecuniário por dano moral) e criminal (crime de injúria).
A nota divulgada por Sérgio Corrêa classifica as denúncias como "absurdas e levianas" e trata Gutemberg como ex-árbitro, ainda que ele não tenha oficializado sua aposentadoria do apito.
O acusador chegou a qualificar o presidente da Conaf como "mariquinha, mentiroso e corrupto" e prometeu "contribuir para que essa sujeirada toda seja lavada".
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