A procuradoria do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-PR) reiniciou nesta quinta-feira a luta pela condenação dos envolvidos no mensalão do apito. A "bancada da punição" dentro da entidade encontrou uma brecha jurídica e espera agora reformular a absolvição de quatro denunciados.

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Como a votação do veredicto de Antônio Salazar Moreno, Marcos Tadeu Mafra, Sandro da Rocha todos juízes de futebol) e do diretor da Federação – Johelson Pissaia – terminou empatada, criou-se uma divergência que na próxima semana pode culminar na eliminação desses da esfera esportiva.

De acordo com o artigo 131 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), o presidente do TJD deveria ter um voto com peso maior. Ou seja: como Bôrtolo Escorsim optou pela pena máxima, esta deveria ser aplicada. Durante a sessão, entendeu-se que o mais correto nesta situação era o "em dúvida pró réu" (leia-se extinguir a sanção).

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Davis Bruel, procurador do caso, questionou essa posição através do recurso chamado embargo declaratório – ação que questiona obscuridade, dúvida, contradição ou omissão existente no julgado. No mais tardar quarta-feira, haverá uma decisão sobre qual é a leitura mais correta.

Durante a nova etapa processual também será possível detectar se a primeira decisão foi realmente movida por um viés político – os auditores pró-absolvição são aqueles que entraram no tribunal por indicação da Federação (Eduardo Varela Garcia, Lourival Barão Marques e José Pacheco Neto) e da Associação dos Árbitros (José Roberto Hagebock).

A mesa do tribunal será repetida para a análise dos embargos (controvérsia). No encontro que durou aproximadamente 17 horas, oito membros estiveram presentes. O procurador de justiça Valério Vanhoni, outro avalizado pela FPF, alegou problemas particulares para justificar a falta. Ele pode votar agora e se tornar o fiel da balança.

"Preciso ver os autos do processo antes de me pronunciar ou antecipar algo", alega Vanhoni, que em princípio espera novamente se abster. "Não participei do primeiro parecer e fica difícil entrar agora neste mérito. Vamos ver..."

A bancada da punição, diante dessa situação que foge às leis, adota um discurso de batalha – mas bastante resignado. "Ninguém entendeu muito bem como foram punidos quem confessou ter pago juiz, mas ao mesmo tempo livraram a cara dos corruptos. Mas será uma chance de limpar a imagem do TJD", diz Davis Bruel.

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"Vamos acabar logo com esse lenga-lenga. Do jeito que ficou, deixou uma situação desagradável para nós", confessa Escorsim. O presidente do TJD só não sabe responder o que irá acontecer em caso de novo empate na votação – situação mais possível diante do visível racha entre auditores. "Agora você me pegou!"