Em 2007, aos 45 anos, Klever Kolberg havia decidido parar de competir por tempo indeterminado. Então com 21 participações no Rally Dakar, o piloto gaúcho radicado em São Paulo tentava acalmar os ânimos após uma carreira que começou duas décadas antes, nas motos, mas sempre com gasolina ou diesel como principal perfume.
Só que a paixão falou mais alto e a oportunidade de inovar também. Em janeiro, retornou ao volante no Dakar, mais famoso rali do mundo, pela primeira vez com um carro a etanol. Daqui a 17 dias, no percurso entre Goiânia e Fortaleza, estreia o combustível "ecológico" no Rally dos Sertões.
"Isso daqui é um vício. Tentei me segurar, mas colocaram lenha na fogueira e voltei, agora com a bandeira do etanol. De certa forma é uma maneira de retribuir tudo o que consegui. É muito melhor poder competir e saber que você está promovendo uma categoria limpa", disse o piloto da equipe Mitsubishi.
Apesar de não ter um desempenho tão bom quanto o dos concorrentes que usam gasolina ou diesel, o carro a etanol desenvolvido pela oficina ProMacchina, de Campo Magro, na região Metropolitana de Curitiba, tem um custo muito abaixo do que aqueles que utilizam combustíveis fósseis.
"O conjunto é o que importa. A performance vai ser abaixo, claro. Só que é menos poluente, muito mais barato e ainda assim competitivo. O valor fica cerca de 40% abaixo de um carro top da competição, que pode chegar a R$ 600 mil", conta Maurício Neves, chefe da oficina, que terá mais dois carros "limpos" para o Sertões.
Construído praticamente do zero, a caminhonete precisou ganhar muito mais do que um motor novo. Tudo teve de ser adaptado, montado, testado, refeito. O tanque de combustível, por exemplo, ficou 110 litros maior do que o de um veículo a diesel.
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