Vandalismo tem relação com a Primavera Árabe
A violência dos torcedores egípcios no futebol tem relação direta com a "Primavera Árabe" que derrubou o ex-ditador Hosni Mubarak. E a queda dele intensificou os confrontos em estádios.
Os holligans (torcedores violentos) dos dois principais times do Cairo, Zamalek e Al Ahly, estavam na linha de frente do movimento na Praça Tahrir contra o regime. O Al Ahly estava envolvido na tragédia de ontem.
Apesar da rivalidade, as torcidas organizadas dos dois clubes têm como inimigo comum a polícia, que reprimia cantos e bandeiras nos estádios. Por isso, atuaram em conjunto nas batalhas pela derrubada de Mubarak.
Membros dos Ultras do Al Ahly, maior organizada do time, relataram que havia entre 10 mil e 15 mil torcedores nos combates na praça.
Com a queda de Mubarak, a repressão dos policiais aos fanáticos arrefeceu. Houve relaxamento nas revistas dos estádios. Isso aumentou o número de casos de violência nas arenas em 2011.
Em setembro, os Ultras do Al Ahly, time mais popular do Egito, enfrentaram policiais em partida no Cairo, o que resultou em 113 feridos.
Esse grupo de torcedores também é rival de fanáticos de equipes de outras localidades, como os do Masry, de Port Said, com quem se confrontaram ontem.
Pelo menos 74 pessoas morreram e outras mil ficaram feridas (até o fechamento desta edição) ao fim de uma partida de futebol em Port Said, Egito, depois que centenas de torcedores invadiram o campo.
Fãs do time local, o Al Masry, entraram no gramado logo depois da vitória de 3 a 1 sobre o Al Ahly principal time do país e seu rival histórico. Segundo relatos, os vândalos começaram a atirar pedras, cadeiras, fogos e garrafas nos fãs adversários e chegaram a ferir alguns atletas.
Na confusão, os jogadores correram para os vestiários para tentar se abrigar, como afirmou o atacante Sayed Hamdi, do Al Ahly, para a rede de tevê estatal.
Pelo menos 60 pessoas foram socorridas ainda no gramado e dúzias de ambulâncias foram enviadas ao estádio após o início da confusão.
De acordo com Helmy Ali al Atny, funcionário do Ministério da Saúde, a maioria das pessoas morreu após sofrer fraturas na cabeça, hemorragias internas e quedas das arquibancadas do estádio.
Dos feridos, estima-se que ao menos 150 estejam em estado grave, grande parte com concussões e cortes profundos. A polícia egípcia afirma que a situação foi controlada algum tempo depois da confusão, com a ajuda do exército.
Treinador do Al Ahly, o português Manuel José trouxe um relato dramático. "Vi vários torcedores serem atendidos e muita gente morrer. Muitos deles morreram dentro de nosso vestiário, para onde fugiram para serem atendidos, mas acabaram não resistindo."
O jogador Mohamed Abou-Treika também descreveu cenas fortes e criticou as autoridades locais."Uma pessoa acaba de morrer no vestiário diante de mim. É culpa nossa, porque jogamos esse jogo. As autoridades estão com medo de cancelar o campeonato porque só se preocupam com dinheiro, não importa a vida das pessoas", atacou.
Mohamed Husein Tantaui, chefe da junta militar, disse que dois aviões do exército foram enviados para Port Said, no Nordeste do país, para retirar a equipe do Al Ahly e seus torcedores da cidade e levá-los de volta ao Cairo, a uma distância de 200 km.
Ônibus militares protegidos por veículos blindados das forças armadas também ajudaram a retirar os torcedores.
Promotores locais já ordenaram que uma investigação seja aberta para apurar os motivos da invasão do campo e os atos de violência que aconteceram na sequência.
O parlamento do Egito irá realizar reunião de emergência hoje para discutir a violência em Port Said, claro reflexo da atual situação do país. A federação de futebol local anunciou que todos os jogos do campeonato estão suspensos indefinidamente.
Logo depois que o episódio ocorreu, a partida entre Al Ismailiya e Zamalek, que estava sendo disputada no Cairo, foi suspensa para homenagear os mortos e feridos na tragédia. Pouco tempo depois disso, a televisão local mostrou imagens de setores do estádio em chamas.
De acordo com o narrador da partida, o incêndio teria sido causado pelos torcedores do Zamalek, em protesto pela interrupção do jogo.
"Este é um dia negro para o futebol. Uma situação tão catastrófica é inimaginável e não deveria acontecer", disse o presidente de Fifa, Joseph Blatter, ao saber dos tumultos no Egito.
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