São Paulo - Durante a semana, Rubens Barrichello disse confiar no "algo especial" de Interlagos para conseguir uma vitória hoje (14 h) e, quem sabe, continuar vivo na briga pelo título mundial de Fórmula 1. Pudera. A relação dele com o autódromo, e o bairro, é mais do que especial. Era naquelas imediações que ficava a oficina mecânica do ex-piloto Ingo Hoffmann, vizinha à loja de materiais de construção do pai. Quando criança, não saía de lá. Foi no kartódromo dali que começou. E é na vizinhança que até hoje mora a avó e o tio mantém uma construtora, cuja laje é ponto de observação privilegiado do circuito.
"Adoro essa pista", foi o comentário de Rubinho na rede de microblogs twitter na quinta-feira, dia no qual chegou a Interlagos para começar os preparativos para mais um GP do Brasil. Outra prova de carinho pelo autódromo: anexo à mensagem, colocou uma foto tirada por ele próprio enquanto caminhava pelo asfalto.
É verdade que se acostumou a ver dois ídolos no traçado antigo. Ingo que chegou a competir na F-1 nos anos 70 havia acabado de voltar para o Brasil em 1979 quando deixava o menino Rubens, maravilhado, olhar o carro de Stock Car, categoria que estava se iniciando por aqui.
"Ele gostava de acompanhar tudo lá. Quando ganhei um capacete laranja, dei para ele poder usar no kart", lembra o Alemão. No ano passado, quando se aposentou da Stock, o piloto recebeu uma homenagem de Barrichello, que correu em Interlagos com um capacete da mesma cor do velho presente.
Irmão da mãe do piloto, Idely, o tio Dárcio dos Santos, ex-piloto da Fórmula Super V, conta que Rubinho via suas corridas do quintal da casa da avó, dona Izaura. "É muito bom ver aquele garoto passando por esse momento tão especial. Foram muitas dificuldades, desde a época do kart", lembra o tio e primeiro professor, hoje dono da construtora grudada no autódromo e da PropCar, equipe de Fórmula 3 Sul-Americana.
O próprio Rubinho, em outras categorias, começou no circuito antigo de Interlagos, bem mais longo e perigoso do que o atual que, depois de uma década, voltou a receber a F-1. "Foi ali que aprendi mesmo. Mas também tenho anos de experiência nesse", diz, às portas de seu 17.º GP do Brasil.
Porém, seu retrospecto em casa não é dos melhores na principal categoria do automobilismo mundial. Ele nunca conseguiu ganhar em São Paulo. Só completou cinco das 16 corridas disputadas e seu único pódio veio com o terceiro lugar de 2004, pela escuderia italiana.
Nada que o desanime. "Tive algumas decepções. Quando estava com um carro competitivo, algumas vezes quebrou, outras foi falha humana mesmo. Mas agora vivo um momento especial. Sonhava em voltar para cá com a torcida de todos", discursa o piloto, lembrando do apoio recebido no tempo das vacas magras. "Mesmo nos anos anteriores, quando não tinha chances , o público gritava o meu nome."
Com toda a torcida e conhecendo a pista como nenhum outro, ele acha que "dá para tirar uma casquinha a mais". Quem sabe a casquinha que o mantenha vivo no campeonato. Ontem, conquistando a pole em treino constantemente interrompido pela chuva forte, já mostrou que pode incomodar.
Ao vivo
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Trajetória
O retrospecto de Rubinho no GP Brasil não é nada empolgante. Piloto não terminou a prova em 11 ocasiões.
1993 Correndo com a Jordan Larga em 14º, mas abandona 13 voltas depois, com a caixa de câmbio quebrada.
1994 Na última corrida de Ayrton Senna em Interlagos O destaque é Rubinho. Enquanto o tricampeão abandona, ele leva a lenta Jordan do 14º lugar da largada ao quarto lugar na bandeirada. "No final, eu nem olhava mais minha posição. Só perguntei em que lugar tinha ficado após cruzar a linha de chegada", comentou.
1995 No primeiro GP Brasil após a morte de Senna Barrichello usa um capacete com as cores do usado pelo tricampeão. Ele sai em 16º com a Jordan, mas novamente abandona por problemas no câmbio. É o início da sequência de novo abandonos em casa.
1996 No seu último ano de Jordan Barrichello levanta a torcida ao conseguir o segundo lugar no grid. Debaixo de chuva, roda ao tentar ultrapassar Michael Schumacher e abandona.
1997 Na Stewart Larga em 11.º, mas deixa a prova com problemas na suspensão. (foto 1)
1998 Problema - Barrichello larga em 11º e novamente para com problemas no câmbio.
1999 Volta a andar bem nos treinos Rubinho coloca a Stewart em terceiro no grid. Com uma bandeira do Brasil no bolso, lidera da 4ª até a 27ª volta, mas abandona com o motor quebrado. Na saída do cockpit, acena a bandeira para o público.
2000 Pela primeira vez correndo de Ferrari em Interlagos Larga em quarto, lidera por duas voltas, mas abandona com problemas no sistema hidráulico do carro.
2001 Seu pior desempenho O carro morre antes de chegar ao grid e Barrichello sai correndo para os boxes pegar o reserva. Chega a tempo de largar em 6º, mas bate em Ralf Schumacher na terceira volta e abandona. (foto 2)
2002 Larga em oitavo Lidera por três voltas, mas para com problemas hidráulicos na Ferrari.
2003 Barrichello sai na pole Com a chuva, perde posições, recupera a liderança, mas abandona na 47ª volta, sem gasolina.
2004 Pole de novo Mas só termina em terceiro, no seu primeiro pódio em Interlagos. (foto 3)
2005 Na última vez como piloto da Ferrari, parte em nono lugar e chega em sexto.
2006 Agora pela Honda Larga em quinto e chega em sétimo. Seu companheiro, Jenson Button, sai em 14º, mas chega em terceiro. (foto 4)
2007 A maldição Rubinho sai em 11º, mas não completa a corrida, com problemas no motor da sua Honda.
2008 Quase adeus Naquela que parecia ser sua última corrida na Fórmula 1, Barrichello chega a Interlagos sob a campanha "Bate nele, Rubinho", para tirar Lewis Hamilton na prova e ajudar Felipe Massa a ser campeão. Larga em 15º e chega em 15º.
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