Ausência de títulos do infantil ao júnior e nenhum jogador formado pelo clube firmando-se no profissional. A temporada 2009 não trouxe bons resultados imediatos para o Paraná nas categorias de base. Somando os estaduais infantil, juvenil e júnior, a Copa Tribuna júnior e a Copa São Paulo (sub-20 no nome, mas sub-18 na prática), o Tricolor não conseguiu nem sequer chegar a uma semifinal.
O aproveitamento dos garotos pelo time adulto também foi inconstante. O goleiro Rodolfo e os meias Élvis, Bruninho e Vinícius viraram solução de emergência no Paranaense, mas acabaram descartados no Brasileiro. Caso emblemático, o zagueiro Marcelo foi chamado às pressas para a estreia da Série B, contra o Bahia. Jogou apenas 42 minutos, tempo suficiente para ser expulso por dar de dedo em um adversário que tentou um drible mais ousado. Acabou reintegrado à base.
A performance chamou a atenção da nova diretoria. Durante a campanha, o presidente eleito Aquilino Romani havia revelado insatisfação com os resultados e prometido indicar um gestor do clube para o departamento.
"A Base é um negócio importantíssimo para os dois lados. Temos de analisar o que está errado. Perdemos tudo neste ano nas categorias de base. Dentro do nosso contrato, contempla dois gestores do Paraná Clube. Eu assumindo, esse gestor vai estar lá", assegurou, no início de novembro.
O cenário, porém, é considerado dentro do previsto por quem gerencia o futuro paranista. Pelo planejamento, será necessário esperar mais um pouco pelo retorno.
"Tínhamos a consciência de que os resultados são a médio e longo prazo. Nosso horizonte é 2012, quando teremos uma geração inteiramente formada por nós. E o mais importante é revelarmos jogadores, mesmo que não conquistemos taças", diz Marlo Litwinski, diretor da empresa que passou a administrar o setor em maio do ano passado.
A passagem irregular dos garotos pelo time principal também é justificada pela empresa. "Nós formamos um jogador para ele subir para o profissional para uma espécie de estágio. Só depois de, no mínimo, seis meses em cima, eles deveriam começar a jogar. Os jovens não podem ser a solução para os problemas, como aconteceu", comenta Antônio Carlos Silva, diretor técnico da Base.
Rodolfo e Vinícius devem encarar esta segunda fase no início de 2010, logo após disputarem a Copa São Paulo. Pelas contas da Base, devem ser ao todo dez jogadores da casa integrando o elenco profissional na próxima temporada. "Não citamos os nomes para não criar expectativa", justifica Silva.
Quanto ao desempenho ruim em competições, há duas explicações. A primeira, a reformulação geral desde o acerto entre a sociedade e o clube, em que os dois passaram a dividir, meio a meio, os valores de possíveis negociações e o custeio da estrutura de formação (atualmente, em torno de R$ 180 mil por mês R$ 90 mil para cada).
"Antes da parceria, apenas 17 jogadores tinham contrato com o Paraná. O elenco juvenil e júnior dispunha de 35 atletas. Hoje, contando com o infantil, são mais de 125, todos com contrato com o Paraná. Sem contar as escolinhas, a rede de olheiros etc. Já investimos cerca de R$ 8 milhões", afirma Litwinski.
A outra justificativa é a adoção de uma estratégia diferente. Visando a antecipar a maturação da molecada, o Tricolor tem utilizado atletas mais jovens nos juniores, por exemplo, atuam garotos até 18 anos, não 20. O efeito colateral é a chance de, diante de adversários mais velhos, o time acabar enfraquecido.
"Estamos sendo ousados. Antecipamos dois anos, por causa do cenário do futebol atual, que aproveita os jovens muito cedo. E por uma questão de investimento. Fica alto contarmos com atletas de 20 anos que não têm condições de atuar no profissional", declara Silva.
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