Aos poucos o esporte brasileiro cai na realidade. Bastaram dois testes para que o "excelente" desempenho no Pan-Americano do Rio de Janeiro deixasse de servir como parâmetro e as críticas voltassem com força.
Na competição disputada entre as Américas, o Brasil bateu o recorde de medalhas: 161. Depois de 40 anos, voltou a ficar na 3.ª colocação geral. Mas os resultados obtidos no Pré-Olímpico de Basquete e no Mundial de Atletismo colocaram o país novamente em alerta para a Olimpíada de Pequim.
O basquete, ouro fácil no Pan, foi apenas 4.º em Las Vegas. Com o reforço de jogadores da NBA e Europa, o desempenho da equipe que no Rio era em boa parte caseira caiu. Desmotivada, rachada, a seleção voltou com o descrédito no lugar da vaga olímpica. E assim é que deve encarar o Pré-Olímpico Mundial, em julho do ano que vem, no qual só os três primeiros vão à China.
"A culpa é de todo mundo. É inadmissível, por exemplo, que o Nenê tenha ficado três meses no Brasil sem treinar e estivesse em quadra", afirma Oscar que, depois do que viu, preferia até a seleção do Pan na quadra. "O Pan deixou de ser referência desde que os Estados Unidos abandonaram. Mas se é para perder, é melhor perder com quem tem vontade de ganhar (no caso, a seleção do Pan)".
A indignação de Oscar, só é diferente da de Robson Caetano por um detalhe. Para o Mão-Santa, os atletas do basquete jogaram de salto alto. Já para o ex-velocista, o desempenho brasileiro no Mundial de atletismo esbarrou no sentimento de inferioridade.
Mesmo que em Osaka o Brasil tenha conquistado a sua primeira medalha na competição prata com o paranaense Jadel Gregório, no salto triplo ficou bem longe do desempenho na capital carioca. No Pan, foram nove ouros, cinco pratas e nove bronzes.
"Há uma diferença muito grande entre o Pan, que envolve apenas as Américas, e o Mundial, que conta com 203 nações. Mas mesmo que eu veja uma evolução no atletismo brasileiro, fiquei decepcionado com vários atletas", afirma Caetano.
O que faltaria, na opinião do hoje comentarista, seria mais psicológico até do que físico. "O Jadel se comporta como atleta grande. Mas falta outros atletas abraçarem isso e acreditar."
Joaquim Cruz, medalhista de ouro olímpico, emenda: "O atletismo brasileiro evolui, mas são os atletas que se acomodam".
O que os dois querem dizer talvez fique mais claro no exemplo da cubana Yargelis Savigne. Com 22 anos, em Osaka, deixou as rivais para trás no salto triplo, com uma marca de 15,28 m. "Sempre me concentrei em minhas próprias marcas, não fiquei olhando quem eram minhas rivais", disse.
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