No trio de ferro, infidelidade no elenco impediu acesso e causou demissão de jogadores
O Coritiba tinha uma campanha exemplar em 2006. Era o líder isolado da Série B na virada do primeiro turno. No ano seguinte à sua queda, parecia encaminhar o retorno a elite. Foi quando, inexplicavelmente, após quase uma semana no interior paulista, começou a derrocada.
Até Platini já foi vítima
O caso de traição de John Terry, ex-capitão da seleção da Inglaterra, que manteve um relacionamento com a modelo Vanessa Perroncel, mulher do companheiro de escrete, Wayne Bridge, tem muitos precedentes no futebol brasileiro e mundial.
O assunto é delicado, nem precisava dizer. Mas fica mais evidente quando atletas, treinadores e dirigentes são obrigados a comentá-lo. "Traição? No futebol? Entre companheiros do mesmo clube?". "Nunca vi", é a primeira resposta. Ou então: "Complicado..." seguido daquele silêncio de reflexão ou um sorriso nervoso.
Na verdade, a situação constrangedora que veio a público no fim de janeiro, protagonizada pelo capitão inglês (agora ex) John Terry, que foi amante da mulher (agora ex) do companheiro de seleção, o lateral-esquerdo Wayne Bridge, é bem mais comum no futebol do que se possa imaginar. Mesmo a maioria, que nega conhecer algum caso quando está sendo entrevistada, admite já ter ouvido falar de algo em uma conversa informal.
"Isso não é tão raro assim, acontece. Com um grupo muito grande de pessoas, isso não raramente acontece", diz Ocimar Bolicenho, o atual diretor de futebol do Atlético. Com passagens por vários clubes, o dirigente, um dos poucos a admitir a frequência desse tipo de infidelidade, revela que já teve inclusive de administrar algumas situações. Nenhuma, contudo, que tenha lhe causado grande dor de cabeça.
"Não é muito uma atitude do clube, mas é questão de conforto de quem está envolvido. Tanto de quem faz como de quem sofre. Normalmente uma das partes se sente desconfortável e provoca uma rescisão. Não é muito uma decisão institucional, mas sim das partes."
A opinião de Bolicenho é acompanhada pela maioria dos dirigentes ouvidos. Para manter a equipe funcionando, é preciso afastar os envolvidos, ou ao menos um deles. Mas à medida que a hierarquia diminui, as opiniões sobre medidas a tomar ficam mais brandas.
No caso de Terry, por exemplo, a única punição até o momento foi a perda da braçadeira de capitão, tomada pelo técnico da seleção inglesa, o italiano Fabio Capello. Isso significa que, depois de serem companheiros no Chelsea, Terry e Bridge devem se encontrar novamente na seleção, e às vésperas da Copa. Só depois disso se saberá a profundidade do dano causado pela infidelidade conjugal. É esse o desfecho que Ney Franco, técnico do Coritiba, aguarda com extrema curiosidade.
"Essa situação é complicada. Tem de estar dentro do problema para tomar a decisão. Algumas vezes chegam informações que podem ser distorcidas e fica ruim até para você opinar", analisa Ney Franco. Ele diz nunca ter tido esse problema com seus elencos e, por isso, tentará tirar proveito das decisões tomadas por Capello. "É um experiência que a gente fica até esperando o desdobramento para aprender."
Mas é entre os jogadores que o constrangimento é maior ao falar sobre o assunto. Tem gente que ri nervoso, outros chegam a se colocar na situação. Ninguém admite ter visto coisa semelhante em uma equipe de que tenha participado. No máximo, preferem usar o direito de ficar calados.
"Nunca vi, mas com certeza se ocorresse em uma equipe em que eu jogasse seria difícil, pois depois ficaríamos desconfiados do cara. Mas acho que não influenciaria dentro de campo", afirma o goleiro paranista Juninho.
"Isso é questão pessoal (revelar algum caso de seu conhecimento). Todo grupo tem uma coisinha, mas não desse tipo", diz Andrade, novo reforço do Alviverde.
"Ele perdeu o cargo de capitão pois a cultura lá na Inglaterra é diferente. Acho que no Brasil não aconteceria isso. Mas com certeza influenciaria de forma negativa o grupo", opina Jéci, zagueiro e capitão coxa-branca.
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