Jogador de futebol que deseja arrumar emprego precisa ter um acessório imprescindível. Um DVD com seus melhores lances na carreira (e também jogos completos) é quase tão importante quanto a qualidade já apresentada pelo atleta em campo.
A regra vale especialmente para os menos conhecidos e badalados, mas mesmo entre os famosos a exigência quase sempre existe. A primeira avaliação realizada pelos clubes, checando as características do possível reforço, é feita através do vídeo.
Produzir uma coletânea de melhores momentos é mais complicado do que parece. Há produtoras que vivem praticamente disso. Os próprios clubes ou jogadores individualmente contratam os serviços.
"Para produzir um bom material é preciso gravar pelo menos uns dez jogos", revela Arineu Kutzke Júnior, dono de uma produtora que sobrevive 90% em função do futebol.
Após a filmagem, o próximo passo é a edição. Na ilha, o cliente seleciona os lances que deseja ter na apresentação. Em aproximadamente dois dias de cortes e ajustes, sai o trabalho de acordo com o gosto do freguês. "Com uma seta identificando o cara, com mais de uma câmera, com trilha sonora e até com locução", explica Kutzke, lembrando que a média de preço do DVD futebolístico é de R$ 500.
Com a devida autorização do jogador, os vídeos são postados no site youtube e facilmente acessados em todo o mundo. Porém a maneira mais frequente de se entregar a produção é através de um DVD. Na capa, foto do atleta e informações da carreira que transformam-se em um cartão de visitas.
"Pessoas comuns que vão procurar emprego entregam currículo com foto. Nós (jogadores) entregamos o DVD", comenta o lateral-direito Lisa, do Operário. O camisa 2 já teve uma rápida passagem pelo Hoffenheim, da Alemanha, em 2007, graças às imagens enviadas ao Velho Continente. "Foi tudo pelo DVD, só não fiquei lá por causa de um desacordo financeiro", lembra.
Lisa e praticamente todos que estão disputando o Paranaense arquivam as partidas. Fazer um encorpado banco de imagens está na pauta mesmo dos que defendem times grandes.
"Hoje em dia os clubes não contratam só pelo DVD, mas a apresentação do jogador sai dali. Se a primeira impressão for boa, mandam um profissional para avaliar in loco", afirma o empresário Marcos Malaquias, agente de destaques como os ex-coxas-brancas Henrique (Racing, da Espanha), Keirrison (Fiorentina, da Itália) e Rafinha (Schalke 04, da Alemanha). "Quando você chega no clube oferecendo jogador, a primeira pergunta é: Pode me mandar um material (DVD)?", revela Malaquias.
No entanto, a realidade tecnológica não agrada a todos. Os dirigentes aceitam as imagens, mas o risco de comprar gato por lebre recomenda cuidados.
"É muito difícil ter a noção de um jogador só pelo DVD", diz Guto Mello, diretor de futebol do Paraná. "É arriscado. Tem de mandar um profissional para fazer uma avaliação mais detalhada", reforça Franco Menezes, gestor do Operário. "Em 18 anos de futebol nunca contratei um jogador após ver um vídeo", opina Lourival Furquim, gerente de futebol do Paranavaí.
Há, inclusive, quem admita já ter sido enganado pelos lances, sempre certos, das edições. Os estrangeiros que defendem atualmente Coritiba (Ariel) e Atlético (Toledo, Serna e Vanegas), por exemplo, passaram pelo crivo dos olheiros mesmo após as imagens já terem sido aprovadas. Cautela indispensável.
"Com certeza já aconteceu de ir ver de perto e o DVD ser muito melhor do que um jogo completo", reconhece o técnico alviverde Ney Franco. "Preferia ter visto um DVD com os piores momentos", comentou no início do ano Antônio Lopes, técnico do Furacão, na época em que Toledo chegou ao CT do Caju.
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