Veja em detalhes como foi a vitória de Bolt nos 100 m rasos| Foto:

Ao assistir a Usain Bolt disparar no Estádio Olímpico de Berlim para cravar – com facilidade – 9s58 nos 100 m, o mundo viajava para o futuro e nem sabia. O recordista assombrou os fãs e arrasou novamente muitos estudiosos e suas previsões. Os cientistas esqueceram de avisá-lo que corredor tão rápido assim só deveria ser visto daqui a algumas décadas. Mas para o jamaicano não há limites.

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Há um ano, a revista norte-americana Wired defendeu que os 9s69 obtidos por ele na Olimpíada de Pequim provocariam uma revisão nas projeções dos 100 m rasos. Ninguém esperava tal feito antes de 2030. Agora ele ainda estaria longe do registro final na prova, estimado em 9s4. Mas dirige-se com suas largas passadas de 2,90 metros ao desempenho extremo do ser hu­­mano.

Especialistas ouvidos pela Ga­­zeta do Povo confiam em novos recordes do homem mais veloz do mundo. "Até domingo, as perspectivas nos apontavam a nova marca como inatingível. O fato é que o ho­­­­­mem chegou muito rapidamente ao impossível", disse o coordenador do Laboratório de Bio­­me­­­cânica da Faculdade de Edu­­ca­­ção Física da USP, Júlio Cerca Serrão.

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Ele atribui o sucesso do velocista a uma conjunção de variáveis capazes de turbinar a performance arrasadora. "Ele é muito alto (1,96 m), e isso o faz ter as passadas muito mais compridas. Há ainda aspectos estruturais que garantem essa vantagem biológica e, seguramente, fatores psicológicos. Todos viram a sua frieza antes da prova enquanto seu principal rival, Tyson Gay, estava visivelmente desesperado", comparou.

O norte-americano anunciou ontem que não disputará os 200 m por causa de uma lesão na virilha, prova em Bolt deve brilhar novamente, com ouro e recorde.

"Para mim ele deve cravar também o recorde dos 200 m (as eliminatórias começariam na madrugada de hoje) e daqui a uns dois anos também dos 400 m. Um atleta que corre com aquela tranquilidade, olhando para trás e para o cronômetro, torna impossível medir onde pode chegar. Foi um recorde longe dos 100% do seu esforço", indica o diretor do Centro de Estu­­dos do Atletismo, Fernando Franco. Ele faz projeções de desempenho com bases no ranking da Associação Internacional de Fe­­de­rações de Atletismo. Franco acompanha a carreira do jamaicano há sete anos e considera o atleta um sucesso genético e de preparação.

A próxima marca de Bolt agora seria mais uma questão de quanto do que de quando. "Há uma premiação por recordes e, por mais absurdo que possa parecer, baixar o tempo novamente agora seria um prejuízo para ele", comentou Serrão.

A desaceleração do campeão ao fim da prova em Berlim comprova essa opinião. "Ele foi o melhor em todos os trechos da corrida: na aceleração, na velocidade máxima e na mtédia. Reduziu só porque quis", acrescentou.

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E como o jamaicano garante que "o jogo tem que continuar", é só esperar para ele frear menos em breve.