Nenhuma região do país pode se considerar mais vitoriosa na escolha das subsedes do que o Nordeste. O principal polo turístico brasileiro emplacou um terço dos 12 locais de competição da Copa de 2014: Salvador, Recife, Natal e Fortaleza.
Escolha baseada nas belezas naturais das cidades, mas também em forte articulação política. Os quatro estados são governados por políticos da base aliada do presidente Lula: Jacques Wágner (Bahia, PT), Eduardo Campos (Pernambuco, PSB), Wilma de Faria (Rio Grande do Norte, PSB) e Cid Gomes (Ceará, PSB).
Abrigar jogos do Mundial é visto na região não só como maneira de reforçar o potencial turístico, mas também de aprimorar a infraestrutura das cidades, uma das maiores carências do Nordeste.
Natal pretende destinar a maior parte dos R$ 3 bilhões orçados para resolver os problemas no transporte de massa. Metrô de superfície e a construção de túneis e viadutos estão na lista de prioridades da capital potiguar, que também investirá em uma nova rede de esgoto. Outra aposta para atender às seleções está no centro de treinamento em construção no Cabo São Roque, um resort de luxo, e leva o nome do jogador inglês David Beckham.
Com um sistema hoteleiro acima do exigido pela Fifa (tem 20 mil leitos, contra os 6 mil recomendados), Fortaleza também concentra suas atenções na infraestrutura da cidade. "São melhorias em transporte, trânsito, segurança, saúde, telecomunicações, energia e saneamento básico, que ocorreriam independentemente da Copa", diz o secretário do Esporte do Ceará, Ferruccio Feitosa.
Em Pernambuco, a cidade São Lourenço da Mata, a 22 km do Recife, receberá o estádio para o Mundial, inserido em um bairro novo. A ligação entre os dois municípios irá guiar os investimentos quase integralmente bancados com dinheiro público (em princípio, o estádio será bancado pela iniciativa privada). "O projeto pernambucano para a Copa se insere no processo de desenvolvimento do estado", explica o secretário estadual de Esportes, George Braga.
Em Salvador, a realização do Mundial é vista como a forma de apagar a tragédia de 2007, em que sete torcedores morreram após o chão da arquibancada da Fonte Nova ceder. O tradicional estádio baiano será reformado e há 40 planos de investimento por toda a capital do estado, no total de R$ 2 bilhões. Entre as benfeitorias estão abertura de novas vias, urbanização de favelas e até reforma no sistema penitenciário.
Deixe sua opinião