Em episódio similar ao da tragédia diante do River Plate, em 2007, o Botafogo foi à Argentina, jogou grande parte da partida com um jogador a mais, desperdiçou boas chances de abrir o placar e foi derrotado pela Copa Sul-Americana, nesta terça-feira. Só que dessa vez o rival foi o Estudiantes, que fez 2 a 0 enquanto estava em desvantagem numérica no estádio Ciudad de La Plata, gols de Boseli e Verón, e abriu boa vantagem em partida válida pelas quartas-de-final da competição.
No próximo dia 5 de novembro, brasileiros e argentinos voltam a se enfrentar, às 21h50m, no Engenhão, e o Botafogo precisa vencer por três ou mais gols de diferença para seguir na competição. Vitória por 2 a 0 leva a partida para os pênaltis e qualquer outro placar dá a vaga ao Estudiantes. O vencedor do duelo encara quem levar a melhor na disputa entre Palmeiras e Argentinos Juniors.
Vantagem numérica e gol perdido de forma incrível
No embalo dos cerca de 30 mil "albirojos" que cantavam na arquibancada, o Estudiantes de La Plata iniciou a partida a mil por hora. Marcando no campo de ataque e com a pegada típica do futebol argentino, o time da casa mantinha a posse de bola e dificultava a saída dos cariocas para o campo de ataque. A primeira conclusão aconteceu aos 5 minutos, quando Verón cobrou falta da intermediária, a zaga do Bota parou e Boseli girou para chutar no corpo de Castillo. A jogada foi uma mostra daquela que seria a principal arma dos argentinos: a eficiência de "La Brujita" Verón nas bolas paradas.
O Botafogo se aventurou no campo de ataque somente aos 12, com investidas de Zé Carlos, pelo lado esquerdo, sem sucesso. Três minutos depois, porém, uma boa chance. Troca de passes na entrada da área e Diguinho rolou para Túlio, livre, chutar rasteiro da meia-lua. Andújar caiu no canto direito para ficar com a bola. Aos 17, foi a vez do próprio Túlio encontrar Triguinho passando em velocidade pela lateral esquerda. O camisa 6 buscou Wellington Paulista em jogada aérea, mas o goleiro argentino mais uma vez mostrou segurança e fez a defesa.
A essa altura, o Botafogo já era melhor em campo, e a situação ficou ainda mais favorável com a expulsão de Alayes. O zagueiro do Estudiantes, que já tinha recebido um cartão aos 3 minutos por falta em Jorge Henrique sem bola, derrubou Wellington Paulista em contra-ataque e foi para o chuveiro mais cedo, aos 18. Estranhamente, a vantagem numérica desorganizou o Glorioso, que dava espaços no meio enquanto Verón cadenciava o jogo.
Aos 24 minutos, o craque do Estudiantes arriscou em cobrança de falta de muito longe. Leandro Guerreiro esticou a perna e tirou a bola do caminho do gol. Na seqüência, escanteio cobrado e Boseli escorou de cabeça para Guerreiro, mais uma vez, fazer o corte. Dois minutos depois, mais uma bola parada com Verón, que cobrou falta na área para Galván dominar e ser desarmado por Triguinho.
Sem criatividade, o Estudiantes passou a se preocupar mais em irritar e tentar a expulsão de um dos botafoguenses, em vão. Após muito perde e ganha no meio, Benítez encontrou Fernández na área aos 36. O atacante emendou bonito de primeira, mas errou o alvo.
A melhor chance da primeira etapa, entretanto, foi brasileira. Verón, logo ele, se enrolou todo no meio-campo e foi desarmado por Zé Carlos. O lance pegou a defesa do Estudiantes desprevenida e Jorge Henrique deixou Wellington Paulista livre, na frente de Andújar. O camisa 9 pedalou, driblou o goleiro, olhou para o gol e...chutou para fora. Inacreditável.
Desorganizado, o Botafogo se perde
O segundo tempo começou como o primeiro, mas com o Estudiantes muito mais efetivo. Além da forte pegada no meio, os argentinos mostravam objetividade e logo aos 13 segundos Galván arriscou do bico da área e isolou. Aos 2 minutos, Verón nocauteou Leandro Guerreiro em cobrança de falta. Já no minuto seguinte, Benítez levantou a bola na área e Castillo foi obrigado a voar para evitar a cabeçada de Boseli na pequena área. A pressão continuou e aos 6 Fernández fez o cruzamento perfeito e Angeleri, livre, escorou na rede pelo lado de fora.
Aos 11, o Botafogo não conseguiu segurar a pressão. Galván colocou a bola na área, Andre Luis falhou feio e deu um escanteio de presente para o Estudiantes. Na cobrança, o próprio Galván levantou no primeiro pau, Castillo saiu em falso e a bola sobrou livre para Mauro Boseli, sem marcação, empurrar para o fundo das redes.
O gol desesperou o time carioca, que se mandava para o ataque sem a menor organização e errava muitos passes. Sempre tranqüilo, Verón era o maestro do Estudiantes e foi responsável por ampliar o placar aos 17. Cobrança de falta curta, ninguém do Botafogo marcou e o volante argentino olhou para o gol, ajeitou o corpo e soltou uma bomba no ângulo esquerdo de Castillo, golaço: 2 a 0 no placar. Logo no minuto seguinte, Túlio perdeu a cabeça ao receber falta não marcada de Díaz, reclamou muito com Carlos Amarilla e foi expulso.
Com 10 contra 10, o Botafogo até melhorou. Em campo no lugar de Diguinho, Zárate perdeu boa chance aos 24, ao cabecear para a boa defesa de Andújar. Os cariocas seguiram buscando o ataque, mas apelavam para bolas alçadas na área e eram facilmente desarmados pelos argentinos. A essa altura, o Estudiantes só pensava em fazer valer do "toco y me voy", colocar o Botafogo na roda e ouvir os gritos de "olé" das arquibancadas.
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