Ao bom estilo brasileiro, com churrasco, cerveja gelada e uma recepção calorosa da equipe de terra, os velejadores do Brasil 1 comemoraram nesta sexta-feira o final da primeira etapa e a manutenção da vice-liderança na classificação geral da Volvo Ocean Race. Com o terceiro lugar na perna entre Vigo, na Espanha, e Cidade do Cabo, na África do Sul, os brasileiros somam 10,5 pontos, um a menos que o ABN-Amro One, primeiro a chegar à África, com 11,5.
O primeiro time brasileiro a disputar a mais tradicional regata de volta ao mundo enfrentou quase 20 dias no mar. Velejando por 6400 milhas, a equipe liderada pelo bicampeão olímpico Torben Grael superou, além de temporais e calmarias, a suspeita dos adversários.
- Ninguém sabia realmente o que esperar da nossa equipe, nos olhavam como os outsiders (azarões), nunca como favoritos. Agora conseguimos acompanhar os ABNs, velejamos sempre entre os primeiros e todos terão de mudar um pouco esse conceito - disse a navegadora australiana Adrienne Cahalan, a única mulher na prova.
O Brasil 1 chegou quase 16 horas depois do ABN One e 8 horas após o ABN Two, segundo colocado.
- Para a competição é muito bom ter os barcos tão próximos depois de tanto tempo no mar. As horas de diferença são muito pouco se considerarmos os 20 dias de prova - comentou Torben Grael. - A perna acabou sendo definida nas escolhas táticas (sobre quando contornar a área de alta pressão do Atlântico Sul). Acho que nós viramos cedo demais e o Ericsson, tarde. O ABN Two foi mais preciso nas escolhas - completa.
Os brasileiros, porém, não escondem que, quando chegaram próximos ao destino e encontraram um buraco de vento na frente da Table Mountain, o cartão postal da Cidade do Cabo, ficaram preocupados.
- Essa primeira perna só foi decidida nas últimas milhas, com todos brigando pela liderança até o final. E eu não acredito que levamos seis horas para atravessar 20 milhas até o porto africano. Sabíamos que estávamos com uma vantagem enorme sobre o Ericsson, mas às vezes olhávamos no horizonte para ver se eles não apareciam, só para garantir - disse Adrienne. - Essa primeira perna foi muita rápida, nunca tinha velejado uma primeira etapa em que o único local sem vento foi na chegada - completa o espanhol Chuny Bermudez.
Já aliviados da tensão da disputa, os velejadores aproveitaram para relaxar com o churrasco preparado pela equipe de terra. O "mestre cuca" Marcelo Ferreira foi conferir a carne assim que chegou à base, depois de algumas horas de sono no hotel. André Fonseca aproveitou para conectar o computador na internet e falar com a família.
- No barco não me deixavam fazer isso - lamenta.
O ambiente alegre foi marcado também pela confiança no barco.
- Foi uma experiência nova para todos nós. A etapa foi tão grande, com dois dias de vento muito forte no começo. Provamos que o Brasil 1 é resistente. O barco é muito rápido e às vezes surpreende. Acho que vamos ter que aprender novamente a velejar em barcos mais lentos, porque tudo é bem diferente - fala João Signorini. - Ainda estamos aprendendo a velejar com o Brasil 1, em alguns momentos, não sabemos se podemos acelerar. Acho que essa é a maior diferença para os ABNs, que estão no mar há quase um ano e sabem exatamente qual vela anda melhor em determinado ângulo de vento, algo que ainda estamos aprendendo - completa André Fonseca.
Chegada dos barcos à Cidade do Cabo
1º - ABN Amro One, 11h24m de quinta - 19dias00horas 2º - ABN Amro Two, 17h56m de quinta - 19dias06horas 3º - Brasil 1 - 2h58m de sexta - 19dias15horas4º - Ericsson - previsão de chegada: manhã de sábado 5º - Sunergy and Friends - previsão de chegada: segunda-feira
Classificação após a primeira etapa
1º - ABN Amro One, 11,5 pontos 2º - Brasil 1, 10,5 pontos3º - ABN Amro Two, 9,5 pontos 4º - Ericsson, 6,5 pontos (ainda não completou a etapa) 5º - Piratas do Caribe, 2,5 pontos (desistiu da etapa) 6º - Movistar, 2,0 (desistiu da etapa) 7º - Sunergy and Friends, 1,5 ponto (ainda não completou a etapa)
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