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Com a perna mais difícil da Regata Volta ao Mundo terminada, o Brasil 1 já começa a se preparar para as duas últimas etapas. Nos próximos quatro dias, a tripulação terá folga enquanto o Brasil 1 passa por revisão.

"Temos uma semana para tentar descansar. Mas não sei se vai ser tempo suficiente", avisa João Signorini, um dos timoneiros do time brasileiro.

Foram nove dias e 21 horas de bastante esforço e tensão, tanto no aspecto físico quanto no psicológico. Além de todos os incidentes ocorridos, os velejadores ainda enfrentaram as condições mais duras de toda a competição.

"Quando começamos a Regata, achávamos que os mares do Sul eram a pior parte da volta ao mundo. Agora que completamos essa travessia, sabemos que o Atlântico Norte também pode ser bastante perigoso", afirma outro timoneiro do barco azul e amarelo, André Fonseca.

Um dos maiores adversários foi o frio nas altas latitudes.

"O frio torna velejar uma tarefa muito difícil. E estava realmente muito, muito frio, com a água a três graus (Celsius). Enfrentamos períodos de tempo horrível, com tempestades. Os ventos nem estavam tão fortes, mas o mar estava muito grosso. A cada onda, o barco embicava e mergulhava, deixando tudo muito perigoso, tanto para as pessoas, quanto para o próprio barco, que sofreu muito com os impactos e as embicadas", lembra o comandante Torben Grael.

Dois dias antes da chegada, o barco enfrentou ondas enormes, desencontradas e curtas, levando a tripulação ao limite da resistência. A vela grande chegou a rasgar e teve de ser retirada. Não bastando isso, a ponta do pau de spinnaker (apoio da vela grande) quebrou. Stu Wilson e Andy Meiklejohn foram tentar soltá-lo, quando foram arremessados para trás. O pau veio como uma flecha na direção do comandante Torben, que se jogou para o lado. Ele passou de raspão, quase atingindo também o rosto de Horacio Carabelli, e parou atravessado por dentro da roda de leme, travando-a.

"Ficamos sem controle. Em pouco tempo, a força fez o leme se mexer, no pouco ângulo livre e orçamos para logo depois atravessar violentamente. Retiramos rapidamente o pau de spinnaker da roda e voltamos ao controle. Segundos depois, nos olhamos sem acreditar no que tinha acontecido. As conseqüências desse acidente poderiam ter sido fatais", lembra Carabelli.

Por tudo isso, o Brasil 1 vai passar por uma revisão geral em Gosport, uma cidade vizinha a Portsmouth. A lista de trabalho é grande para os brasileiros, principalmente envolvendo a quilha basculante. Após os problemas do Espanha, que teve de ser abandonado no mar após apresentar problemas estruturais na quilha, os brasileiros irão fazer uma revisão atenta à estrutura e ao sistema que movimenta a quilha no Brasil 1. Além disso, o mastro e todo o estaiamento (conjunto de cabos que sustentam o mastro) serão revisados.

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