• Carregando...

O Brasil estipulou uma meta modesta para Lon­­dres: 15 medalhas. Esse número foi superado em dois pódios (17), registrando um novo recorde, composto por 3 ouros, 5 pratas e 9 bronzes. Pouco para quem investiu pesado: R$ 100 milhões a mais do que para Pequim-2008 – só em repasse de dinheiro da Lei Piva. "Queríamos mais", admitiu o superintendente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Marcus Vinícius Freire.

O resultado é um desafio ainda muito mais significativo para o Rio-2016. Depois de terminar o quadro de medalhas em 22.º lugar, o objetivo traçado pelo COB é subir 12 posições nessa lista. Façanha rara.

Nas duas últimas décadas, apenas a Espanha conseguiu um salto tão grande, justamente quando abrigou a competição – de Seul-1988 a Barcelona-1992, o país pulou 19 degraus.

Tomando como padrão a Olimpíada recém-encerrada, o Brasil teria de praticamen­­te dobrar suas conquistas para igualar o desempenho da Austrália – 7 ouros, 14 pratas e 12 bronzes, totalizando 33. Para se ter uma ideia do caminho a ser percorrido, basta lembrar que o recorde de ouros do Brasil foi em Atenas-2004: cinco.

O jeito será reforçar o investimento em modalidades individuais, como judô e natação, modelo que funcionou para a Grã-Bretanha. Desde 1912, em Estocolmo, os britânicos não ficavam em terceiro no quadro de medalhas. Só um dos 65 pódios foi em esportes coletivos, o hockey.

"Para chegarmos ao grupo de dez medalhistas olímpicos, precisamos de 13 modalidades competitivas", projeta Freire. Exatamente o número de modalidades nas quais os ingleses foram premiados.

Já os brasileiros subiram ao pódio em oito esportes: judô (um ouro e três bronzes), natação (uma prata e um bronze), vôlei (um ouro, duas pratas e um bronze), no futebol (prata), boxe (dois bronzes e uma prata), ginástica artística (ouro), pentatlo (bronze) e vela (bronze).

Em relação a Pequim, porém, houve redução de finais com atletas do Brasil. Na capital inglesa, foram 35, contra 41 na China. O hipismo chegou à sua segunda Olimpíada sem medalhas e no atletismo nenhum dos 36 competidores subiu ao pódio – algo que não ocorria há 20 anos. Os times de basquete e futebol feminino, eliminados antes das semifinais, além da ginástica artística, decepcionaram. "Vamos conversar com essas confederações e ver o que pode ser feito", destacou Freire.

O desempenho pífio contrasta com a aplicação de recursos, que deve ficar ainda maior no próximo quadriênio. O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, insistiu ontem que os Jogos de Londres foram os que o Brasil chegou com melhores condições – teve, de maneira inédita, um centro de treinamento próprio na cidade, o Crystal Palace.

A estrutura em Londres, para os 17 dias de competição, dos 259 atletas brasileiros inscritos, custou R$ 11,6 milhões, cerca de 28% a mais do que em Pequim. O ciclo olímpico, de acordo com a entidade, consumiu quase R$ 2 bilhões (incluindo Bolsa-Atleta, Lei Piva, patrocínios estatais e recursos diretos do governo).

"Não temos como comparar esses valores com o número de medalhas. Estamos qualificando atletas, treinadores, isso demanda tempo, não tem efeito imediato", destacou Freire. "Se todo mundo subisse proporcionalmente ao investimento, faltaria medalha", defendeu Nuzman.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]