Um público que se anunciava crítico a presidente Dilma Rousseff e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, vaiados antes do jogo, que o digam não teve tempo de estender suas cobranças ao campo. Com três minutos de jogo, o golaço de Neymar já fazia a seleção brasileira vencer o Japão. O mesmo aconteceu no segundo tempo. Dois minutos e Paulinho fez mais um. No último lance, jogadaça de Oscar e gol de Jô. Só motivos para festa.
Mas também sem grandes picos de empolgação, como parece será o estilo da arquibancada brasileira nos dois anos de torneios da Fifa no país.
Os jogadores aproveitaram o momento para elogiar. "A torcida foi maravilhosa o tempo inteiro. O gol cedo ajudou que torcida e time entrassem na mesma sintonia, e a gente acredita que vai ser assim em todos os estádios da Copa das Confederações", discursou o lateral-direito Daniel Alves.
Se no dia anterior Neymar chegou a ser cornetado por torcedores que acompanharam o treino de reconhecimento do Estádio Nacional Mané Garrincha, e nos amistosos preparatórios foi alvo de algumas vaias, ontem não demorou a ouvir seu nome gritado pela torcida. Reflexo do chute na gaveta de Kawashima após bola ajeitada por Fred. Estava quebrado o gelo.
A orientação do técnico Luiz Felipe Scolari de ganhar a torcida logo no início foi cumprida à risca. "O gol no começo e a vitória tiraram um peso grande das nossas costas. Acho que a partir de agora, com respaldo da torcida, confiando mais na seleção, vamos ter mais tranquilidade", disse o atacante Jô, que naquele momento era apenas mais um torcedor no banco de reservas.
Se não houve espaço para contestações, também não dá para dizer que a seleção foi empurrada pela arquibancada preenchida por um público bem diferente do que fanáticas torcidas de qualquer clube de massa. Quando Neymar foi bater um escanteio em meados de segundo tempo e fez gestos pedindo apoio, recebeu como resposta uma gritaria efêmera. A bola entrou em jogo e a agitação passou.
Os únicos momentos de tímida cobrança foram no meio do primeiro tempo, quando o time diminuiu um pouco o ritmo. Vaias foram ouvidas em um recuo para o goleiro Júlio César e começaram os pedidos pela entrada de Lucas.
Além da comemoração dos gols e exclamações coletivas após belos lances, como um chapéu e pedaladas de Neymar, apoio mesmo a torcida deu pela primeira vez aos 21 minutos do segundo tempo, com gritos de "Le-le-le-ô, Brasil!" e depois ao vaiar muito o japonês Honda que se preparava para cobrar uma falta perigosa. No final, já nos acréscimos, se divertiu gritando "olé" e comemorando o último golzinho.
A seleção volta a campo na quarta-feira, em Fortaleza, contra o México. O duelo será às 16 horas.
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