Personagem
Aos 60 anos, curitibana vai à terceira olimpíada e prepara aposentadoria
A mesa-tenista Maria Luiza Passos prepara-se para sua terceira Paralimpíada. Antes de se preparar para Londres, ela esteve também em Atlanta, em 1996, e em Pequim, há quatro anos. Das duas vezes, não passou da fase classificatória. Agora a cadeirante quer autorização da chefia para reduzir sua carga horária de trabalho no departamento de Recursos Humanos da Associação dos Deficientes Físicos do Paraná (ADFP) para ter mais tempo para treinar. Jogar em Londres vai ser em tom de despedida. Apesar de refutar o termo "aposentadoria", Maria Luiza aos 60 anos prepara-se para se retirar das competições internacionais. "Sou avó de três netos. Quero me dedicar mais a eles".
Nos últimos 20 anos, a dedicação foi total ao esporte. O tênis de mesa a tirou por quase uma década de uma rotina em que raramente saía de casa, depois de um tumor na coluna, aos 25 anos, que a deixou paraplégica. Antes da lesão, jogava vôlei. "Antes de jogar tênis de mesa, sempre achava que estavam todos me olhavam e estranhavam quando eu saía na rua. Quando voltei da primeira competição, vi que era só minha imaginação. Fiquei mais confiante e voltei a viver", diz.
A partir deste domingo (1.º) abre-se a contagem regressiva para os Jogos Paralímpicos destinados a atletas com necessidades especiais. Faltam exatamente 150 dias para a abertura do evento em Londres, programada para o dia 29 de agosto, momento raro de superpotência para o esporte nacional. E, por tabela, estadual.
Há 16 anos, em Atlanta, a delegação conquistou apenas dois ouros e ficou em 37.º lugar no quadro de medalhas. Na última edição, em Pequim-2008, foram 16 ouros e uma inédita nona colocação.
Até o momento, o Brasil tem 124 vagas asseguradas e uma meta traçada: subir duas posições e terminar em 7.º na disputa geral. Para isso contará com ajuda de ao menos 11 competidores do Paraná. Com base no Parapan-Americanos de Guadalajara, em 2011, a região tem tudo para ajudar na escalada verde e amarela. Na ocasião, o estado trouxe 7 das 24 medalhas do país.
A lista final dos participantes dos Jogos de Londres será fechada apenas em junho, quando ocorre o encerramento dos rankings internacionais, um dos critérios para a definição dos convocados.
Uma expectativa superada pelo mesatenista Claudiomiro Segatto. "Temos a grande dificuldade contra os asiáticos, especialmente contra os chineses. Desta vez, penso em passar, ao menos, das oitavas de final", prevê ele, que foi até as oitavas em Pequim, há quatro anos. Ano passado, foi bicampeão no Pan.
Sua história se parece com a de vários paratletas que estarão na capital inglesa: entrou o esporte como parte da reabilitação.
Claudiomiro teve a perna direita amputada em 1999 por causa de um câncer. Foi a doença que o fez deixar a cidade de Coronel Vivida, onde morava com os pais, agricultores, para fazer tratamento em Curitiba.
Começou a jogar basquetebol em cadeira de rodas. Logo preferiu tentar um esporte individual. Em 2002, foi para o tênis de mesa. De estilo de jogo agressivo, chegou, em dois anos, à seleção nacional.
Além dele, outras esperanças paranaenses em Londres são Daniel Jorge da Silva, da seleção de vôlei sentado, ouro em Guadalajara, e Gleyse Portioli de Souza, prata (exclusivo para deficientes visuais).
O estado, porém, despede-se de uma das principais promessas de medalhas da delegação nacional: a velocista mineira Terezinha Guilhermina deixa Maringá, onde se preparou para as três medalhas paralímpicas em Pequim (ouro nos 200 m rasos, prata nos 100 m e bronze nos 400m) e os três ouros em Guadalajara (nas mesmas provas), para treinar em São Paulo. Hoje ela se despede da cidade em que se formou campeã, na disputa do Torneio Caixa Federação Paranaense de Atletismo.
Com exceção da anfitriã Grã-Bretanha, o Brasil é o país com maior participação em modalidades coletivas: disputará o futebol de 5 (deficientes visuais), futebol de 7 (paralisados cerebrais), goalball , basquete em cadeira de rodas feminino e vôlei sentado, sem e times apenas no rúgbi e basquete masculino.
A delegação brasileira deve aumentar até o final de junho, quando se fecham os rankings mundiais para os esportes individuais.
"Nosso objetivo não é ter a maior delegação, mas sim a melhor para alcançarmos nossas metas técnicas em todas as modalidades e nosso objetivo de ficar em sétimo no quadro geral de medalhas", ressalta o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons.
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