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Acabou a era do show no futsal. Até a Copa do Mundo de 1996, o Brasil conseguia conciliar uma atuação quase acrobática, recheada de dribles e jogadas de efeito, com resultados elásticos e títulos. Não por acaso, os melhores jogadores do planeta sempre foram brasileiros: Vander, Ortiz, Manoel Tobias e Falcão são alguns exemplos disso durante a história. Mas as derrotas nas duas últimas edições do Mundial, em 2000 e 2004 - ambas para a Espanha -, mudaram a forma dos jogadores e da comissão técnica entenderem o esporte.

A partir desta terça-feira, quando a seleção estrear no Mundial de Futsal do Brasil, em jogo contra o Japão, a partir das 10h30, no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília, o torcedor brasileiro pode começar a se acostumar: o time focará sua atuação mais na vitória e menos no espetáculo. Vai adotar, assim, o estilo europeu. Tudo para conseguir retomar a hegemonia no esporte, no qual tem cinco títulos mundiais - são três desde que a Fifa assumiu o controle da modalidade.

"Hoje em dia a gente está muito mais preocupado em vencer os jogos do que dar espetáculo", admitiu o goleiro Franklin, que esteve presente no grupo disputou as últimas duas edições do Mundial. Ele chegou a dizer até que o Brasil busca atualmente inspiração na Espanha, país que é o atual bicampeão mundial e por onde já passaram diversos jogadores brasileiros. "Na cabeça deles, uma vitória por 1 a 0 já é suficiente. A gente acaba se acostumando um pouco ao jeito deles."

A nova orientação do futsal brasileiro é do técnico Paulo César de Oliveira, conhecido como PC, mas tem respaldo no grupo. A teoria é de que nada adianta levar os prêmios individuais como destaque da competição, enquanto os europeus saem como campeões. E o principal personagem dessa discussão é o ala Falcão, astro que sempre encantou em quadra e que já foi eleito o melhor do mundo, mas ainda não conquistou o título mais importante com a seleção.

"Antes o Falcão fazia jogadas bonitas, mas sem sentido. Agora ele está consciente da importância de priorizar a vitória", explicou o experiente goleiro Franklin, de 35 anos. O próprio Falcão concorda. "Carrego o peso de ter títulos importantes, principalmente no individual, mas de não ter vencido ainda um Mundial", reconhece o ala de 31 anos. "Eu e meus companheiros estamos focados agora em vencer aqui dentro de casa."

MISTÉRIO - Dentro dessa nova mentalidade do futsal brasileiro, vale tudo para conseguir a vitória. O técnico PC, por exemplo, resolveu esconder a escalação do time que enfrentará o Japão nesta terça-feira, em Brasília. Assim, tenta diminuir as armas do rival e dar alguma vantagem ao Brasil no jogo de abertura do Mundial.

Apesar do mistério do treinador, o ala Falcão, o pivô Lenísio e o fixo Schumacher são os prováveis titulares da seleção, enquanto o também ala Vinícius é outro que deve começar jogando nesta terça-feira. A maior dúvida seria no gol, onde o favorito é Thiago. "Todos os goleiros querem jogar, inclusive eu. E vou fazer de tudo para ser titular", disse ele.

RODADA - O Brasil está no Grupo A do Mundial, que tem outro jogo nesta terça-feira, entre Cuba e Ilhas Salomão, às 12h30, também em Brasília. A chave conta ainda com a Rússia, sendo que apenas os dois primeiros colocados, após a disputa de quatro jogos cada, irão passar para a fase seguinte da competição.

Nesta terça-feira, ainda acontecem outros dois jogos no Mundial, ambos pelo Grupo B, no Rio de Janeiro: Itália x Tailândia e Paraguai x Estados Unidos. Essa chave ainda conta com Portugal, enquanto a C tem Argentina, China, Guatemala, Egito e Ucrânia e a D está composta com Espanha, Irã, Uruguai, Líbia e República Checa.

Das 20 seleções da primeira fase, oito passam para a etapa seguinte, quando serão divididas em dois grupos. Aí, as duas melhores de cada chave vão para as semifinais. E a grande final do Mundial de Futsal organizado pela Fifa no Brasil está prevista para acontecer no dia 19 de outubro, no Ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro.

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