O conselho veio daqueles que já viveram a experiência de organizar Jogos Olímpicos e ajudaram na preparação de equipes nacionais. Se o Brasil quiser conquistar um número maior de medalhas nas Olimpíadas do Rio, em 2016, e seguir entre as maiores potências esportivas nas edições posteriores, terá de mudar a forma de pensar o esporte. O investimento em técnicos de qualidade, associado ao uso tecnológico e da ciência no auxílio do aprimoramento dos atletas terá que ser feito. E rapidamente. Essa foi a conclusão de especialistas dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá e Austrália, durante as palestras dadas nesta quarta-feira, no Seminário de Desenvolvimento Esportivo do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
No momento, o maior desafio do planejamento é detectar e mapear os talentos potenciais. Para isso, o COB criou o Laboratório Olímpico, que funcionará no Parque Aquático Maria Lenk e terá o paranaense Antonio Carlos Gomes como consultor. Mestre em Treinamento Desportivo, o ex-atleta dos 110m com barreiras e do salto em distância se mudou para a antiga União Soviética em 1988. Trabalhou e estudou no Leste Europeu por 11 anos e de lá trouxe preciosas lições.
"Nós vamos muito no talento, na alegria, mas chega uma hora que falta algo para ajudar no resultado. E a ciência pode ajudar. O esporte de alto rendimento é difícil de ser praticado no país. O Brasil tem pagode, praia, muita música. Na Rússia, o camarada entra no ginásio para fazer alguma coisa porque senão ele enlouquece com os nove meses de neve. Quando vêm aqui, ficam loucos ao verem tantos talentos. Nós precisamos sair do empirismo que reina no nosso esporte. Temos que implantar de vez um programa de busca de talentos em Universidades, escolas, etc e tal. Temos uma guerra daqui a cinco anos e meio e não temos tempo", disse.
A ideia é que o Laboratório possa fazer um levantamento dos atletas que terão condições de estar entre os oito primeiros do mundo em 2016. A faixa etária a ser pesquisada será entre 16 e 19 anos. Todos serão testados, medidos, avaliados fisiologicamente, do ponto de vista biomecânico e genético, além de serem comparados com a realidade internacional.
"Precisamos saber qual distância que o atleta em formação está com relação ao de elite. As Confederações não podem perder tempo com aqueles que não chegarão entre os cinco, oito primeiros do mundo. Precisamos diminuir os erros o máximo possível porque o tempo é curto. Um treinador pode chegar a 11 ciclos olímpicos na carreira e terá a chance de formar campeões durante todo este tempo. Mas um atleta, às vezes, pode ter apenas um".
Para o consultor, também há a necessidade de ser revisto o hábito de os atletas no Brasil competirem quase todo fim de semana. Segundo Antonio Carlos, nos primeiros dois anos de um ciclo olímpico é preciso se dedicar a um tempo maior de treinamento.
"Talvez tenhamos que aperfeiçoar o sistema e criar uma cultura esportiva. Temos a prática de poucos esportes no país. Também não há uma política de esportes unificada. Também vamos depender muito de investimento para realizar este processo".
Na tentativa de dar sua contribuição no projeto, o Ministério do Esporte está fechando um conjunto de medidas que deverão ser anunciadas em breve. Segundo Marco Aurélio Klein, diretor do Departamento de Excelência Esportiva da Secretaria Nacional de Alto Rendimento, uma das mudanças diz respeito ao programa Bolsa-Atleta, que poderá beneficiar atletas que têm patrocínio individual. Na área tecnológica, está sendo estudada a possibilidade de ser fechado um convênio com as Confederações, a exemplo do que foi feito no Canadá para os Jogos de Inverno de Vancouver.
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