O cadastramento nacional de torcedores não será utilizado apenas na Argentina como forma de prevenção à violência relacionada ao futebol. Até maio, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o Ministério do Esporte e o Ministério da Justiça devem anunciar a implementação do mesmo sistema no Brasil.

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A ideia é igual a dos vizinhos argentinos: qualquer pessoa que quiser assistir à uma partida de futebol em estádios brasileiros precisará ter seu nome em uma base de dados. Caso não possua, não poderá ir ao jogo. Em tese, cada torcedor terá em mãos um cartão pessoal e intransferível, com todos seus dados pessoais.

Ainda não há informações de quanto será investido em tecnologia e operação do cadastro. Desde 2007, porém, o Ministério do Esporte tem verba de R$ 5 milhões destinada à iniciativa semelhante para o Estado de São Paulo. Também não se sabe quantos torcedores deveriam ser cadastrados - na Argentina, cerca de 10% da população total do país passará pelo processo (quatro milhões). Isso, no Brasil, corresponderia a 18 milhões de pessoas.

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De acordo com o promotor Paulo Castilho, do Ministério Público paulista, o cadastro irá agilizar a identificação de torcedores envolvidos em brigas. "Saberemos exatamente quem estará em cada setor, ainda que um paulista tenha ido ver um jogo na Bahia", explicou.

A medida também pode acabar com os cambistas, avaliou Paulo Castilho. "O ingresso comprado nas bilheterias não existirá mais Cada torcedor irá usar sempre o cartão para entrar no estádio", justificou o promotor.

EXPERIÊNCIA FRUSTRADA - Em 2007, a Federação Paulista de Futebol (FPF) e o Ministério Público Estadual (MP) iniciaram o cadastramento de integrantes das torcidas organizadas paulistas. Mas a medida fracassou em seu ponto primordial: não possibilitou a identificação de quem está nos estádios.

O processo foi fruto de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre FPF e MP. Ele previa que as uniformizadas tivessem um setor específico nos estádios. E o torcedor filiado a essas entidades só poderia entrar no espaço caso fosse cadastrado. O ingresso - um cartão com dados pessoais - seria lido por catracas especiais.

Dois anos depois, as intenções ficaram no papel, embora mais de 20 mil torcedores estejam cadastrados. Não há catracas especiais, tampouco cartão do torcedor. O promotor Paulo Castilho afirmou que questões políticas atrapalharam o projeto. A Secretaria Estadual de Segurança Pública diz que o projeto está em discussão junto do Ministério do Esporte.

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