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Dos 19.358 ingressos para o amistoso entre as seleções de futebol de Brasil e Portugal, no dia 19, no Estádio Bezerrão, na cidade-satélite do Gama, 7.360, ou pouco mais de um terço, serão doados a autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Outros 2 mil serão sorteados entre os moradores do Gama, cidade com cerca de 100 mil habitantes a 40 quilômetros de Brasília, enquanto 500 serão entregues aos operários que fizeram o Estádio Bezerrão, que será inaugurado com o jogo.

Sobraram, então, 9.498 ingressos. Estes serão postos à venda, por um preço muito alto. As arquibancadas laterais custarão R$ 250 a inteira e R$ 125 a meia; os lugares atrás dos gols, R$ 180 a inteira e R$ 90 a meia. Serão vendidos ainda 200 bancos para pessoas com deficiência física, ao valor de R$ 200 cada ingresso sendo R$ 100 a meia.

"Não consideramos que o jogo será para a elite, porque nos baseamos no valor do ingresso de Brasil e Argentina (jogo das eliminatárias sul-americanas para a Copa da África do Sul, realizado no Mineirão) e não achamos que tenha sido um jogo elitista", disse Fábio Simão, presidente da Federação Brasiliense de Futebol.

O governo de Brasília pagará às duas seleções R$ 9 milhões, pela apresentação, o que corresponde a R$ 4,5 milhões para cada uma. As delegações chegam a Brasília na segunda-feira. A seleção brasileira ficará no Alvorada Park Hotel, que fica ao lado do Palácio da Alvorada, onde mora o presidente Lula; a de Portugal, no Kubitscheck Plaza, no centro de Brasília. Os dois hotéis pertencem ao vice-governador de Brasília, Paulo Octávio (DEM).

Além do ingresso muito caro, o que chama a atenção para o jogo que vai inaugurar o Bezerrão - o mais moderno estádio do Brasil, que cumpre todas as novas regras da Fifa, como distância de sete metros do alambrado para a faixa lateral do campo, todas cadeiras numeradas e amplo estacionamento) é o grande número de ingressos destinados às autoridades, exatamente 7.360.

Numa entrevista à Rádio CBN, na terça-feira, o secretário de Esportes de Brasília, Pastor Agnaldo de Jesus, disse que o governo do Distrito Federal tiraria muito mais proveito político doando ingressos para gente importante e autoridades do Judiciário, Executivo e Legislativo, do que vendendo-os aos torcedores. "Quem você acha que vai se lembrar do governador, a autoridade ou o torcedor?", chegou a perguntar Jesus.

Como a repercussão de sua entrevista foi muito ruim no governo, Agnaldo de Jesus dizia-se revoltado. Resolveu comparar a inauguração do Estádio Bezerrão com a de um jornal ou de uma rádio. "Se você vai inaugurar uma rádio, um jornal, você vai convidar quem? Os ouvintes, os leitores? Não. Você vai convidar as autoridades", insistiu ele.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi convidado pelo governador de Brasília, José Roberto Arruda (DEM), a ir ao novo estádio. Não disse ainda se vai comparecer. O ministro dos Esportes, Orlando Silva, disse ontem que Lula não deverá ir, por questões logísticas, como transporte e horário, pois o jogo está marcado para as 22 horas. Silva preferiu não emitir nenhuma opinião sobre a distribuição dos ingressos para as autoridades.

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