A Federação Paranaense de Karatê (FPK), uma sala comercial no 8.º andar da Galeria Ritz, no Centro de Curitiba, corre sério risco de ser desfiliada da Confederação Brasileira de Karatê (CBK). A sessão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) da CBK que analisará a exclusão da entidade ocorrerá no próximo dia 16 de fevereiro.
Tudo por causa de uma briga que está prestes a completar um ano, cujo último capítulo, no sábado passado, durante a Assembléia Geral Ordinária da confederação, terminou em troca de ameaças entre os dirigentes das entidades, que foram parar no 36.º distrito da capital paulista.
Recém-eleito para um novo mandato de três anos na presidência da confederação, órgão que comanda desde 1992, Edgar Ferraz de Oliveira foi surpreendido no dia 22 de janeiro de 2006 por um pedido do presidente da FPK, Aldo Lubes, que queria ter acesso ao balanço financeiro da entidade nacional.
Amparado pela Lei 9.615 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBDJ), o cartola paranaense queria saber o que a CBK fazia com o dinheiro repassado pelo Ministério do Esporte, já que todas as despesas dos atletas convocados pela seleção eram bancadas pelos próprios caratecas ou pelas federações.
Juntamente com a resposta negando o acesso aos documentos, Lubes recebeu também um comunicado oficial anunciando a sua exoneração do cargo de diretor técnico da confederação, posição que ocupou por 14 anos.
A batalha jurídica começou a ser travada ali. Alegando a inexistência de um órgão desportivo capaz de julgar a questão, Lubes recorreu à Justiça Comum, desgastando ainda mais a relação com a CBK. Acabou suspenso por seis meses pela entidade, perdendo temporariamente o direito de treinar os atletas do estado em competições nacionais.
A Federação também perdeu seus direitos, sendo afastada do quadro da confederação. Desde então o órgão conta com liminares para fazer valer os direitos dos atletas competirem.
"Só pedi o que a lei me permite. Eu sou esportista, ensino a paciência. Nunca imaginei que viveria num mundo desse jeito", comentou Lubes, de 67 anos, 41 deles dedicados ao Caratê. "Como poderíamos recorrer ao STJD da confederação se ele não existia? Eles criaram o órgão depois, com data retroativa, só para enganar. Vou lutar pelos meus direitos até o fim", disse ele.
O dirigente local já prepara cópias dos processos que correm na 14.ª Vara Cívil de São Paulo para encaminhá-los ao Ministério do Esporte e ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB). "Esse tribunal é fajuto. Eu, por exemplo, teria de votar e não estava lá no dia de assembléia. Utilizaram uma assinatura minha de outro documento", revelou o diretor administrativo da federação, Edson Capinski, que detinha a procuração de Lubes, então diretor técnico da CBK, para escolher dos auditores dos nove que compõem o STJD.
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