Caminho
Judoca diz ter passado por duas competições distintas pelo pódio
Mayra Aguiar diz ter participado, ontem, de duas competições. Uma, terminou com o fim do sonho da medalha dourada, na derrota para a rival e número 2 do mundo, Kayla Harrison (EUA). A outra foi a que lhe rendeu o bronze. Para se refazer no intervalo entre as duas disputas, teve a ajuda de medalhistas olímpicos.
"Ficou o gosto amargo da agonia, a vontade de chorar. Mas logo entrou o Aurélio Miguel [ouro em Seul-1988 e bronze em Barcelona-1992] na área de concentração falando para eu não desistir, que não tinha acabado", conta a judoca.
Dois dias depois de ficar sem o pódio, o medalhista de prata em Atenas-2004 e bronze em Pequim-2008, Leandro Guilheiro, aproveitou a credencial de acesso restrito aos atletas para também aconselhar a gaúcha. "Ele falou para eu não abaixar a cabeça, para levarmos a medalha para casa. Acabou a vontade de chorar na hora. Não derrubei nenhuma lágrima".
A técnica Rosiclea Campos reforçou a ideia do recomeço. "Realmente pensei que ela poderia chegar ao ouro. Mas a chave fez a Mayra cruzar com a Kayla na semi... Foi uma final antecipada. Depois da derrota, falei para ela que aquele campeonato tinha acabado e que a briga por medalha era outra", destacou ela.
Mordida
Uma mordida na mão do adversário acabou com a esperança da primeira medalha de Cuba no judô em Londres. Oryedi Despaigne, na categoria até 100 kg, foi acusado pelo usbeque Ramziddin Sayidov de apelar para o "golpe" inusitado (e ilegal) no combate pelas oitavas de final. Faltavam 30 segundos para o término do confronto, quando a vítima parou de lutar e mostrou a marca da mordida para os árbitros. O usbeque, porém, teve pouco tempo para comemorar a vitória: nas quartas de final, perdeu para o mongol Tuvshinbayar Naidan que seria prata. O ouro foi para o russo Tagir Khaibulaev.
No penúltimo dia de competições do judô nos Jogos de Londres, o Brasil chegou à sua terceira medalha, mantendo viva a intenção de fazer 2012 ficar marcado como ano da melhor campanha do país nos tatames olímpicos. A gaúcha Mayra Aguiar conquistou o bronze na categoria até 78 quilos e fez sua parte na contagem das medalhas da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), que quer chegar a quatro pódios. O de ontem foi o terceiro.
Líder do ranking mundial, ela era cotada para o ouro, mas o sorteio das chaves não ajudou. Ela confrontou a número 2 do mundo, a norte-americana Kayla Harrison, na semifinal e a rival levou a melhor, vencendo-a por ippon em uma chave-de-braço. "Independentemente da cor, é uma medalha olímpica, tenho de comemorar. E amanhã [hoje] é meu aniversário [21 anos]. Tanta gente que queria estar aqui [nos Jogos] só para participar e eu estou saindo daqui com uma medalha", afirmou.
Mesmo com a alegria da conquista, Mayra não conteve as lágrimas na hora de falar das cobranças sobre os companheiros de seleção bem colocados no ranking mundial e que ficaram fora do pódio, como Rafaela Silva, Leandro Guilheiro e Tiago Camilo.
"Ouvimos coisas que doeram bastante. Então, queria pedir um pouco mais de respeito pelos heróis brasileiros, os atletas que lutam pelo país. Chegamos com dois atletas número 1 do mundo [ela e Guilheiro], mostramos que somos fortes. Não dá para mensurar nosso trabalho por uma competição. Não dá para pisar nos nossos heróis. Às vezes, o povo brasileiro peca um pouco nisso", desabafou.
Com o terceiro pódio, o judô se afirma como força motriz do Brasil para definir sua classificação no quadro de medalhas. No total, o esporte conquistou 18 medalhas desde o primeiro pódio, com o bronze de Chiaki Ishii em 1972 (3 ouros, 3 pratas, 12 bronzes). Com o desempenho da gaúcha, o judô nacional faz sua melhor campanha qualitativa em Olimpíadas, com dois bronzes e um ouro, contra os três bronzes de Pequim-2008.
Os jogos chineses marcaram a estreia de Mayra na competição, quando, aos 16 anos, perdeu a primeira luta e foi eliminada. Ontem, diz ter mostrado maturidade. Mas, depois de duas lutas bem-sucedidas, com vitórias sobre a tunisiana Hana Mareghni, penalizada por não combater, e o ippon em imobilização sobre a polonesa Daria Pogorzelec, a derrota para Kayla estragou os planos de chegar ao topo do pódio. Na decisão do bronze, ela venceu a holandesa Marhinde Verkerk aos 1min30s de confronto, com um golpe de pernas que lhe rendeu o ippon. "Olhei para a medalha... é linda. Quando coloca a medalha no peito, é uma satisfação enorme, um conforto. A medalha é pesada, mas no corpo fica leve" disse.
O representante no masculino de ontem, na categoria até 100 kg, Luciano Corrêa não passou das oitavas de final. Perdeu para o holandês Henk Grol por falta de combatividade. É a segunda vez que o holandês vira algoz do brasileiro, repetindo a eliminação de Pequim-2008.
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